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JANIO DE FREITAS
O tribunal das bravatas
Se o PT tivesse mesmo uma
Comissão de Ética, e não um
tribunal que, sob aquele nome de
guerra, vai julgar os parlamentares leais aos princípios do partido, as condutas a serem apreciadas seriam as dos petistas que hoje definem as posições históricas
do petismo como "bravatas de
oposição" e querem impor o que
repeliram, inclusive, com votos
parlamentares e documentos assinados.
Se o PT tivesse mesmo uma Comissão de Ética, Luiz Inácio Lula
da Silva, José Genoino, Antonio
Palocci, João Paulo Cunha, Ricardo Berzoini e outros mais seriam os convocados. Pelos registros que deixaram e pelas atitudes públicas que têm hoje, ou faltaram com a ética partidária nos
anos em que deram ao petismo
vida e forma que seriam ilusórias
ou faltam com a ética partidária
agora, se no passado não faziam
ilusionismo.
Haveria lugar para a terceira
hipótese, sim, o sempre vivo
meio-termo, sob os discutíveis argumentos de mudanças das circunstâncias e coisa e tal.
Mas aqueles condutores do PT,
assim como no passado, preferiram o tudo ou nada, embora vestido pelo avesso. Foram-se de
uma ponta para a outra, e quem
não foi deve ser trucidado. Para
não ficar como uma consciência
crítica.
Muitas das atuais lideranças
do PT participaram do movimento brutal de expulsão dos três
que decidiram votar em Tancredo Neves, na eleição indireta para a Presidência. Lula, que presidiu a reunião expulsória, disse
há pouco que chorou então, que
era contra punição extremada.
Nem os satisfeitos nem os constrangidos, porém, extraíram algo
de aproveitável do episódio.
Ou seja, até hoje não perceberam que o seu autoritarismo favorecia a extrema direita desejosa de manter o regime militar. Se
Tancredo Neves fosse derrotado
por Paulo Maluf -o que por
pouco não aconteceu-, tudo
conduziria a uma aliança lógica:
Paulo Maluf como presidente de
direito e a linha dura militar como poder de fato. Combinação
para que o primeiro não fosse
derrubado, provavelmente até
com apoio popular, e a antidemocracia preservasse o domínio
do país.
O ideário das lideranças petistas inverteu o sinal, a ética petista volta-se contra a coerência,
mas a prepotência continua a
mesma. Talvez para que os petistas mantenham uma lembrança
do PT.
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