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REFORMAS
Ministro da Casa Civil afirma que carga tributária não vai aumentar
Para Dirceu, direção do PFL ataca "moinhos de vento"
RAYMUNDO COSTA
ENVIADO ESPECIAL A GOIÂNIA
O ministro José Dirceu (Casa
Civil) disse ontem que o presidente nacional do PFL, Jorge Bornhausen (SC), "encontrou um
moinho de vento" no suposto aumento da carga tributária de 36%
para 40% do PIB, em razão das reformas constitucionais e das medidas do governo, e sugeriu que o
partido defende os bancos.
"É uma ilusão dizer que nos vamos aumentar a carga tributária.
Pelo contrário, vai diminuir a sonegação", declarou Dirceu.
O ministro criticou Jorge Bornhausen pouco antes de uma reunião que teve ontem com os governadores da região Centro-Oeste, em Goiânia (GO). Embora Dirceu tenha sido veemente ao dizer
que que as reformas não provocarão um aumento da carga tributária no país, o ministro confirmou
que o Ministério da Fazenda e a
Receita Federal estão desenvolvendo estudos sobre o aumento
de alíquotas do IRPF (Imposto de
Renda da Pessoa Física).
Sempre acentuando o nome de
Bornhausen, o ministro da Casa
Civil disse que o senador encontrou um "moinho de vento" porque "não pode fazer oposição,
não tem como fazer oposição".
Dirceu defendeu como uma
questão de "justiça tributária" o
aumento de 1% da Cofins cobrada
das instituições financeiras e de
167% da CSLL declarada por empresas prestadoras de serviço com
base no lucro presumido.
Essas duas medidas, mais o aumento de impostos ocorrido no
final do ano passado, a MP 107
(que aumentou a Cofins e a CSLL)
e os projetos das reformas é que
podem levar a carga tributária de
36% para 40% do PIB, segundo o
PFL. Em convenção nacional realizada na quinta-feira passada, o
partido decidiu lançar uma "cruzada nacional contra o aumento
da carga tributária".
A mesma análise é feita no
PSDB, que promete se aliar ao
PFL para votar contra o aumento
de impostos.
Segundo Dirceu, ninguém está
obrigado a pagar a CSLL com base no imposto presumido, "pode
pagar sobre o lucro real". Mas
"pagar sobre o lucro presumido
com uma alíquota irreal na verdade é elisão fiscal. A nossa tarefa
não é aumentar, é defender o nível de arrecadação".
No caso específico da Cofins, o
ministro disse que os bancos já
pagam menos que outros setores
da economia. "Isso deve continuar? Essa é a pergunta que deve
ser feita ao PFL. Os bancos aceitaram [o aumento da alíquota]. O
Jorge Bornhausen está sendo
mais realista que o rei", disse.
Na votação da MP 107 pela Câmara dos Deputados, a Febraban
fez um acordo com os parlamentares aceitando o aumento de 1%
da Cofins em troca de uma medida que permitirá reduzir o Imposto de Renda dos bancos.
Sonegação
De acordo com Dirceu, as propostas de reforma previdenciária
e tributária na realidade vão diminuir a carga tributária e a sonegação. Ele citou quatro itens: a redução da contribuição previdenciária dos autônomos, a desoneração
de 50% da folha de pagamentos
das empresas, a reorganização do
ICMS e o fim da cumulatividade
na cobrança da Cofins.
"É o contrário do que o PFL está
dizendo. Não vejo como o senador Jorge Bornhausen vai provar
que estamos aumentando em 4
pontos a participação dos impostos no PIB", afirmou.
Três dos governadores do Centro-Oeste participaram da reunião ontem com o ministro: José
Orcírio dos Santos, o Zeca do PT
(MS), Blairo Maggi (MT) e Marconi Perillo (GO). Joaquim Roriz
(DF) mandou a vice Maria Abadia. Os governadores ficaram de
tirar uma proposta comum sobre
as reformas e enviá-las ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Eles querem que o repasse para
os Estados da região do fundo a
ser criado após a unificação do
ICMS seja estabelecido na Constituição e não em lei complementar. Dirceu confirmou a decisão
de Lula de criar a agência de desenvolvimento do Centro-Oeste
nos próximos 60 dias.
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