|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PERFIL
Em 2003, ele recebeu um prêmio da Embratel por reportagem sobre queimadas na Amazônia
Jornalista conhece o Brasil há 27 anos
DA SUCURSAL DO RIO
O americano William Larry
Rohter Junior, 54, conhece o
Brasil há 27 anos. Ele chegou ao
país pela primeira vez em 1977,
durante a ditadura militar. Segundo contou em uma reportagem para o caderno de turismo do "New York Times", publicada em 2002, o Rio de Janeiro foi o primeiro lugar em que
esteve fora de seu país.
Ontem, o escritório do
"NYT" no Rio, onde Rohter
trabalha, informou que o correspondente pediu "isolamento". Ele deixou a orientação de
que seu endereço nem seu telefone sejam divulgados. A direção do jornal determinou que
sua equipe no Brasil não comente a decisão do governo de
cancelar o visto do jornalista.
Nos últimos dias, o correspondente esteve em Buenos
Aires fazendo entrevistas, mas
ontem não foi ao apartamento
onde trabalha e se hospeda na
capital argentina. Sua secretária na cidade disse que ele estava no país, mas que não o via
havia dois dias. No fim da tarde, porém, o porteiro do edifício
onde ele fica afirmou que o viu
deixar o prédio anteontem, às
5h, com duas malas grandes.
O jornalista chegou ao Brasil
nos anos 70 como correspondente da revista americana
"Newsweek". Foi nessa época
que ele conheceu a carioca Clotilde, com quem teve dois filhos.
De acordo com pessoas que o
conhecem, as crianças nasceram
nos EUA e moram lá atualmente, em Miami, com a mãe.
Rohter trabalha há cinco anos
no Rio para o "NYT". Sua saída
do país estava programada para
fevereiro último, mas foi prorrogada, a pedido da empresa, para
o fim deste ano. No ano passado,
Rohter recebeu o prêmio de imprensa Embratel, no valor de R$
8.000, na categoria correspondente internacional, pela reportagem "Amazônia ainda queima, apesar das promessas".
No texto que escreveu para o
caderno de turismo do "New
York Times", Rohter contou que
mora em São Conrado (zona
sul), mas que primeiro morou
na Vila Isabel, na zona norte do
Rio. A reportagem fala de "duas
cidades separadas por um túnel": as zonas norte e sul. No
mesmo texto, Rohter dá dicas de
bares na cidade para se "tomar
drinques em dias quentes".
O outro correspondente do
"NYT" no Brasil, Todd Benson,
que mora em São Paulo, disse ter
sido proibido pela direção da
empresa de comentar a decisão
do governo brasileiro e a reportagem que gerou a polêmica, sob
pena de demissão. A mesma
orientação foi recebida por funcionários do escritório no Rio.
"Em outros momentos, eu teria isso na ponta da língua, mas
agora não é o caso. Não posso falar, não dá", afirmou Mery Galanternick, jornalista brasileira
que trabalha para o "New York
Times" no Brasil. "Ele conhece
profundamente e gosta muito
do país", disse ela, apenas.
Além de escrever sobre a política brasileira, Rohter é responsável pela cobertura da Argentina e do Chile, para onde viajava
freqüentemente. O jornal espanhol "El Pais" o define como
chefe do "NYT" no Cone Sul.
Em 2002, ele publicou outra
matéria de repercussão, afirmando que o ex-presidente argentino Carlos Menem havia recebido suborno de US$ 10 milhões para encobrir uma suposta
vinculação do governo do Irã
com o atentado em Buenos Aires contra a Amia (Associação
Mutual Israelita Argentina), em
1994.
(VINICIUS QUEIRÓZ GALVÃO)
Colaborou CLÁUDIA DIANNI, de
Buenos Aires
Texto Anterior: Imprensa: "NYT" diz que defenderá direitos de repórter Próximo Texto: Mulher brasileira pode evitar expulsão Índice
|