São Paulo, quinta-feira, 13 de maio de 2004

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ELEIÇÕES 2004

Secretário, que é vice na chapa da prefeita, tenta atrair o PMDB

Falcão tira férias com missão de costurar alianças de Marta

FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário municipal de Governo da cidade de São Paulo, Rui Falcão, saiu de férias para se dedicar às alianças partidárias da campanha de reeleição da prefeita Marta Suplicy (PT).
Principal articulador político da petista, sua missão é fechar até o final do mês o arco de alianças com o PL e o PC do B, num primeiro momento, e, se possível, com o PMDB. As coligações tornaram-se ainda mais importantes no pleito paulistano com o lançamento do tucano José Serra na corrida eleitoral. São elas que vão determinar o tempo de TV dos candidatos à prefeitura.
Conforme publicado ontem no "Diário Oficial" do Município, Falcão será substituído no cargo por Ubiratan de Paula Santos pelo período de 15 dias. Ele reassume a função no dia 25 de maio e, uma semana depois, respeitando a lei eleitoral, se afasta novamente para ser o candidato a vice na chapa de Marta -posto ainda sonhado por setores do PMDB.
A coligação com o PC do B já está praticamente acertada. Caciques dos partidos só aguardam a definição da data do anúncio.
A aliança com o PL, partido do vice-presidente, José Alencar, e que ocupa o Ministério dos Transportes, também deve ser sacramentada nos próximos dias. Rui Falcão conversou com lideranças do partido na cidade e em Brasília e certificou-se que poderá contar com os 2 minutos e 39 segundos diários de TV que cabem à sigla no tempo proporcional.
O líder do PL na Câmara Municipal, Antonio Carlos Rodrigues, marcou para 28 de junho a reunião em que será oficializado o acordo. "Mas creio que no próximo dia 10 possamos anunciar a aliança", afirma.
Petistas não admitem em público sua preocupação com a candidatura Serra. Mas em conversas reservadas mostram-se assustados com o potencial de crescimento do tucano, que já namora o PFL e o PDT. Para superar o tempo de TV de Serra nessa tríplice aliança, só com o apoio do PL, do PC do B e do PMDB.
A coligação com o PMDB, no entanto, é incerta, já que o partido lançou o deputado Michel Temer, presidente nacional da sigla, a prefeito. E aí entra novamente Rui Falcão, com um papel fundamental nas conversas de bastidor.
Desde o vazamento da candidatura Serra, ele vem procurando com mais assiduidade lideranças do PMDB em São Paulo. Mas nenhuma das partes fala abertamente sobre o possível acordo, que terá novo "round" neste final de semana.
O PMDB diz que a candidatura Temer é para valer. Já o PT se divide. Em São Paulo, afirma não haver nenhuma possibilidade de aliança. Mas emissários do governo Lula ainda tentam a coligação.
Para que se concretizasse, no entanto, Rui Falcão teria de desistir da vice, algo muito improvável depois de Marta ter bancado dentro do PT o nome de seu secretário. Para tanto, enfrentou caciques de Brasília que gostariam de amarrá-la à prefeitura pelos próximos quatro anos e vê-la fora da disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, em 2006.
Rui Falcão tenta atrair o PMDB com cargos no futuro governo, mas sem oferecer a vice.
Como diz um importante assessor de Marta, que pediu para não ser identificado, Rui Falcão está mergulhado nas alianças políticas porque é preciso otimizar o tempo que resta e negociar com os partidos, antes que Serra o faça.
Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Governo, Rui Falcão pode fazer o que quiser durante suas férias. Até trabalhar.


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