São Paulo, quinta-feira, 13 de maio de 2004

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SP tenta reaver dinheiro em Jersey

RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL

A AGU (Advocacia Geral da União) e a Prefeitura de São Paulo assinaram ontem um convênio que permitirá a contratação de um escritório de advocacia na ilha de Jersey, um paraíso fiscal do Canal da Mancha.
Em nome da prefeitura, esse advogado, que ainda não está escolhido, ajudará a tentar trazer para o Brasil cerca de US$ 200 milhões que são atribuídos a Paulo Maluf (PP), ex-prefeito de São Paulo. O dinheiro teria vindo de outra conta na Suíça, cujo beneficiário é o ex-prefeito, segundo documentos divulgados na semana passada.
O custo da contratação do advogado em Jersey, a ser assumido pela prefeitura, é estimado pelo Ministério Público em R$ 1 milhão. A assinatura do convênio ocorreu um ano e cinco meses depois de o Ministério da Justiça brasileiro ter sido advertido pelo governo de Jersey, por ofício, de que havia risco de o dinheiro ser desbloqueado, caso os interesses da Prefeitura de São Paulo não fossem corretamente defendidos, segundo as leis da ilha.
Os promotores de Justiça da Cidadania de São Paulo Silvio Marques e Sérgio Turra Sobrane temem que o dinheiro possa ser desbloqueado antes que o advogado entre em ação.
Pelas leis de Jersey, o Ministério Público não tem poder para atuar em nome da prefeitura, mas a União tem. Daí a razão do convênio. Em dezembro, os promotores abriram um procedimento que pretende investigar possível omissão da prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), na demora pela contratação.
Segundo confirmou na última segunda-feira, em entrevista coletiva, o procurador-geral de Justiça, Rodrigo Pinho, os cerca de US$ 200 milhões continuam bloqueados em "vários países".
O convênio, assinado entre o advogado-geral da União, Álvaro Ribeiro da Costa, e Luiz Tarcísio Teixeira, secretário dos Negócios Jurídicos paulistano, tem por objetivo "promover, notadamente no Reino Unido, as medidas judiciais e extrajudiciais necessárias à localização e repatriação de bens e recursos desviados do erário paulistano no período compreendido entre os anos de 1993 e 2000".


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