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GOVERNO SOB PRESSÃO
Para presidente da Câmara, qualquer acusado deveria deixar o cargo até que o caso seja investigado
Severino pede afastamento de Meirelles e Jucá
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), defendeu
ontem no Rio o afastamento imediato do presidente do Banco
Central, Henrique Meirelles, e do
ministro Romero Jucá (Previdência) de seus cargos.
Ontem, o ministro Marco Aurélio de Mello, do STF (Supremo
Tribunal Federal), determinou a
abertura de processo de investigação contra Meirelles, suspeito de
ter praticado crime contra o sistema financeiro e evasão de divisas.
Mello ordenou ainda a quebra do
sigilo fiscal do presidente do BC e
das empresas que ele controla.
Em entrevista tumultuada antes
de deixar o prédio do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), onde
participou do 17º Fórum Nacional, Severino disse que Meirelles
"deveria se afastar até que [a acusação que pesa contra ele] seja
apurada devidamente".
Questionado se o ministro da
Previdência, Romero Jucá, também deveria deixar o governo,
Cavalcanti respondeu que sim.
"Qualquer um que tenha denúncia não pode ficar no seu cargo", afirmou.
Na opinião do presidente da Câmara, "se o Supremo já tomou as
providências, é porque as denúncias têm um certo fundamento".
"Eles [Meirelles e Jucá] têm de
provar para se defender", afirmou
Severino, que não citou o nome
do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva no trecho da entrevista em
que falou sobre o presidente do
BC e o ministro da Previdência.
Segundo Severino, o afastamento de Meirelles é necessário para
que as investigações transcorram
da maneira mais isenta possível.
"Para fazer as investigações,
acho que ele [Meirelles] não pode
permanecer no cargo", disse.
O procurador-geral da República, Cláudio Fonteles, pediu ontem
ao STF abertura de inquérito contra o ministro da Previdência.
O inquérito terá o objetivo de
apurar se Jucá realmente apresentou fazendas inexistentes como
garantia a um empréstimo feito
no Basa (Banco da Amazônia)
quando era sócio da empresa
Frangonorte, em 1995.
O presidente da Câmara não revelou na entrevista o que conversou com o presidente Lula na reunião que tiveram antes da viagem
para o Rio. Disse apenas que não
tratou com o presidente do veto
ao aumento de 15% no salário dos
funcionários do Congresso e do
Tribunal de Contas da União.
"[Tratamos de] outros temas
importantes para Pernambuco e
para o Brasil", afirmou ele, para
quem "o veto será apreciado pela
Câmara dos Deputados, que tomará a decisão soberana que o
plenário decidir".
O ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política) evitou criticar
Severino após sua participação no
Fórum Nacional.
"O presidente da Câmara tem
toda a autoridade para julgar e até
prejulgar as pessoas. Não creio
que a decisão do STF possa ser
avaliada como boa ou ruim para o
governo. Não pode ser avaliada
sob esse ponto de vista."
Colaborou RAFAEL CARIELLO,
da Sucursal do Rio
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