São Paulo, sexta-feira, 13 de maio de 2005

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GOVERNO SOB PRESSÃO

Para presidente da Câmara, qualquer acusado deveria deixar o cargo até que o caso seja investigado

Severino pede afastamento de Meirelles e Jucá

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), defendeu ontem no Rio o afastamento imediato do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e do ministro Romero Jucá (Previdência) de seus cargos.
Ontem, o ministro Marco Aurélio de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou a abertura de processo de investigação contra Meirelles, suspeito de ter praticado crime contra o sistema financeiro e evasão de divisas. Mello ordenou ainda a quebra do sigilo fiscal do presidente do BC e das empresas que ele controla.
Em entrevista tumultuada antes de deixar o prédio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), onde participou do 17º Fórum Nacional, Severino disse que Meirelles "deveria se afastar até que [a acusação que pesa contra ele] seja apurada devidamente".
Questionado se o ministro da Previdência, Romero Jucá, também deveria deixar o governo, Cavalcanti respondeu que sim.
"Qualquer um que tenha denúncia não pode ficar no seu cargo", afirmou.
Na opinião do presidente da Câmara, "se o Supremo já tomou as providências, é porque as denúncias têm um certo fundamento".
"Eles [Meirelles e Jucá] têm de provar para se defender", afirmou Severino, que não citou o nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no trecho da entrevista em que falou sobre o presidente do BC e o ministro da Previdência.
Segundo Severino, o afastamento de Meirelles é necessário para que as investigações transcorram da maneira mais isenta possível.
"Para fazer as investigações, acho que ele [Meirelles] não pode permanecer no cargo", disse.
O procurador-geral da República, Cláudio Fonteles, pediu ontem ao STF abertura de inquérito contra o ministro da Previdência.
O inquérito terá o objetivo de apurar se Jucá realmente apresentou fazendas inexistentes como garantia a um empréstimo feito no Basa (Banco da Amazônia) quando era sócio da empresa Frangonorte, em 1995.
O presidente da Câmara não revelou na entrevista o que conversou com o presidente Lula na reunião que tiveram antes da viagem para o Rio. Disse apenas que não tratou com o presidente do veto ao aumento de 15% no salário dos funcionários do Congresso e do Tribunal de Contas da União.
"[Tratamos de] outros temas importantes para Pernambuco e para o Brasil", afirmou ele, para quem "o veto será apreciado pela Câmara dos Deputados, que tomará a decisão soberana que o plenário decidir".
O ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política) evitou criticar Severino após sua participação no Fórum Nacional.
"O presidente da Câmara tem toda a autoridade para julgar e até prejulgar as pessoas. Não creio que a decisão do STF possa ser avaliada como boa ou ruim para o governo. Não pode ser avaliada sob esse ponto de vista."


Colaborou RAFAEL CARIELLO, da Sucursal do Rio

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