São Paulo, sexta-feira, 13 de maio de 2005

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FOGO AMIGO

Nota sustenta que o índice adotado por Marcio Pochmann é inadequado para atualizar valores das despesas

Fazenda nega redução nos gastos sociais

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério da Fazenda contestou ontem, por meio de nota, a avaliação do economista Marcio Pochmann, segundo a qual os gastos sociais da União teriam sofrido queda de 1,31% nos dois primeiros anos do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em relação aos dois últimos anos de mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
A nota do Ministério da Fazenda foi distribuída a todos os ministros de Estado e líderes partidários no Congresso Nacional.
No começo do mês, estudo de Marcos Lisboa, que acaba de deixar a Secretaria de Política Econômica, concluía que os gastos sociais haviam aumentado 31% no período (em valores não corrigidos pela inflação), mas não haviam contribuído para reduzir a desigualdade de renda no país.
O estudo mencionava queda nos gastos com saneamento e comentava que o aumento das transferências de renda a famílias pobres de R$ 2,4 bilhões em 2002 para R$ 5,8 bilhões em 2004 -um ponto positivo- representava uma fatia mínima do orçamento social, dominado pelo pagamento de aposentadorias e demais benefícios da Previdência.
Marcio Pochmann, em seu levantamento publicado ontem pelos jornais, corrigiu os valores pelo IGP-DI, da Fundação Getúlio Vargas, e chegou à conclusão de que os gastos sociais caíram na primeira metade da gestão Lula.
Segundo a nota do Ministério da Fazenda distribuída ontem e aprovada pelo ministro Antonio Palocci Filho, o índice escolhido pelo economista "é fortemente influenciado pela variação cambial" e por isso não se prestaria a atualizar os valores dos gastos sociais feitos pelo governo federal.
Parte da suposta redução indicada por Marcio Pochmann é resultado da correção das despesas do último ano do governo FHC em 26,4% (variação do IGP-DI no ano). No mesmo ano, o IPCA, índice usado nas metas de inflação, variou 12,5%.

Curioso
Diante disso, o correto, segundo a Fazenda, seria corrigir as despesas mês a mês por outro índice. Por complicada, a conta não teria sido feita, afirma a nota.
O trabalho de Pochmann, que ocupou a Secretaria de Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade da Prefeitura de São Paulo na gestão de Marta Suplicy (PT), foi classificado pelo governo como um "exercício curioso" e "com problemas" e interpretado como mais uma crítica à política econômica do governo Lula.


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