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FOGO AMIGO
Nota sustenta que o índice adotado por Marcio Pochmann é inadequado para atualizar valores das despesas
Fazenda nega redução nos gastos sociais
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério da Fazenda contestou ontem, por meio de nota, a
avaliação do economista Marcio
Pochmann, segundo a qual os
gastos sociais da União teriam sofrido queda de 1,31% nos dois primeiros anos do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em relação
aos dois últimos anos de mandato
do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
A nota do Ministério da Fazenda foi distribuída a todos os ministros de Estado e líderes partidários no Congresso Nacional.
No começo do mês, estudo de
Marcos Lisboa, que acaba de deixar a Secretaria de Política Econômica, concluía que os gastos sociais haviam aumentado 31% no
período (em valores não corrigidos pela inflação), mas não haviam contribuído para reduzir a
desigualdade de renda no país.
O estudo mencionava queda
nos gastos com saneamento e comentava que o aumento das
transferências de renda a famílias
pobres de R$ 2,4 bilhões em 2002
para R$ 5,8 bilhões em 2004
-um ponto positivo- representava uma fatia mínima do orçamento social, dominado pelo pagamento de aposentadorias e demais benefícios da Previdência.
Marcio Pochmann, em seu levantamento publicado ontem pelos jornais, corrigiu os valores pelo IGP-DI, da Fundação Getúlio
Vargas, e chegou à conclusão de
que os gastos sociais caíram na
primeira metade da gestão Lula.
Segundo a nota do Ministério
da Fazenda distribuída ontem e
aprovada pelo ministro Antonio
Palocci Filho, o índice escolhido
pelo economista "é fortemente influenciado pela variação cambial"
e por isso não se prestaria a atualizar os valores dos gastos sociais
feitos pelo governo federal.
Parte da suposta redução indicada por Marcio Pochmann é resultado da correção das despesas
do último ano do governo FHC
em 26,4% (variação do IGP-DI no
ano). No mesmo ano, o IPCA, índice usado nas metas de inflação,
variou 12,5%.
Curioso
Diante disso, o correto, segundo
a Fazenda, seria corrigir as despesas mês a mês por outro índice.
Por complicada, a conta não teria
sido feita, afirma a nota.
O trabalho de Pochmann, que
ocupou a Secretaria de Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade da Prefeitura de São Paulo na
gestão de Marta Suplicy (PT), foi
classificado pelo governo como
um "exercício curioso" e "com
problemas" e interpretado como
mais uma crítica à política econômica do governo Lula.
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