São Paulo, sexta-feira, 13 de maio de 2005

Texto Anterior | Índice

TODA MÍDIA

Nelson de Sá

"É da vida"

A inda ecoava o jingle de Duda Mendonça, para o programa do PT de ontem, quando o JN passou a relatar os novos problemas do governo Lula com a Justiça.
Foi leve, a Globo.
Começou por nem mostrar que a oposição pediu a saída de Romero Jucá. Só o comentário de que ministro não pode ficar "sob suspeição, sob pena de mau funcionamento".
Quanto ao próprio, apareceu dizendo que, "como homem público", dará toda informação, mas que as acusações são "parte da vida política".
Quanto ao segundo e maior problema, abertura de inquérito e quebra de sigilo do presidente do Banco Central, a Globo foi ainda mais moderada.
Já começou por sublinhar uma observação do ministro do Supremo, de que em sua decisão de ontem "descabe avaliar se houve envolvimento ou não do presidente do BC".
Mencionou-se que Severino "pediu o afastamento enquanto as investigações estiverem em andamento", mas também que, para Aloizio Mercadante, "até se concluir o processo ele deve ser considerado inocente":
- E Henrique Meirelles já apresentou defesa.
O próprio "elogiou a decisão do Supremo" porque:
- Ela me dará oportunidade de mostrar que minha conduta sempre foi pautada pela ética e pela transparência.
Para fechar, Franklin Martins comentou que "ninguém ainda foi declarado culpado de nada. Não houve um pré-julgamento. As investigações tanto podem levar a abrir um processo como podem derrubar as acusações e inocentar os ministros".
Martins, ecoando Jucá:
- O importante na história é que a Procuradoria e o Supremo funcionaram. Resta agora, ao governo, administrar o desgaste político, mas é da vida.
 
Para contraste, Boris Casoy, no Jornal da Record:
- Pela gravidade dos fatos, pelos indícios veementes e pelos contornos que a evolução de ambos os casos vai assumindo, nem Meirelles nem Jucá têm mais condições de permanência no governo.

ANTIDRUDGE

nytimes.com/Reprodução

Estreou nos EUA o blog coletivo Huffington Post, resposta "liberal" ao pró-republicano Drudge Report, aquele que quase derrubou Bill Clinton com o caso Mônica Lewinsky. Na home page, manchetes como "Novo "Guerra nas Estrelas" é anti-Bush" ou, mais amena, "Tom Wolfe só tem 24 ternos brancos", sobre o escritor na Bienal do Livro, no Rio.
Recebido com ironia há três dias, o novo blog já postou dezenas de mensagens de "celebridades blogueiras", de Walter Cronkite a Ellen DeGeneres. E levantou ontem a primeira polêmica de repercussão, com o dramaturgo David Mamet (logotipo acima) saudando a saída de um controverso crítico da revista "New York" ("finalmente, uma contribuição dele para o teatro").

SIM, É UM BLOG
huffingtonpost.com/Reprodução

Para a história, o "New York Times" postou ontem o seu primeiro blog, descrito como tal. Na primeira mensagem do "Cannes Journal" (logotipo acima), sobre o festival na França, com acesso a partir da home page:
- Sim, nós estamos escrevendo um blog.
Os dois blogueiros enviados deixaram transparente o que é um blog no maior jornal do mundo:
- As regras de campo, estabelecidas em negociações com os Poderes Estabelecidos, são estas: passamos as mensagens por pelo menos um editor para ter certeza de estar em conformidade com os padrões do "NYT", o que no caso significa que não cometemos nenhum passo em falso gramatical, não estamos difamando ou chamando alguém com palavras feias de 12 letras.

Onde estão?
O "Miami Herald" manteve os EUA ontem no ataque à reunião de árabes e sul-americanos. Para Andres Oppenheimer, ela "saiu dos trilhos" ao aprovar texto que "pode ser lido como justificação tácita do terrorismo".
Em editorial, o jornal acresceu cobrança contra Fidel Castro, por prender jovens que faltam aos seus atos públicos:
- Onde estão suas vozes de protesto? Onde está o presidente do Brasil, Lula, e o da Argentina, Néstor Kirchner?

Velho rival
O "WSJ" foi contido e disse que Lula "não pôde controlar a tendência da reunião", que por "desejo" árabe criticou os EUA. Mas o jornal chamou a atenção para a "velha rivalidade" com a Argentina, que incluiu cenas de Kirchner "se espreguiçando e atendendo ao celular":
- Por trás está a insatisfação argentina na economia. Após anos de superávit com o Brasil, começou o déficit.
@ - nelsondesa@folhasp.com.br


Texto Anterior: Judiciário: Jobim defende projetos para acelerar processos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.