São Paulo, domingo, 13 de maio de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

Fala, Lula

Às vésperas da anunciada coletiva, a Secretaria de Comunicação do Planalto fez um levantamento das entrevistas concedidas por Lula desde 2003, com o intuito de mostrar que, a despeito de sua resistência ao formato clássico -sem limitação de temas e com amplo espectro de veículos-, o petista fala muito.
O cálculo, que incluiu desde entrevistas formais até os chamados "quebra-queixo" (perguntas feitas de supetão por repórteres), mostra que o presidente foi mais loquaz no ano eleitoral de 2006 (92 entrevistas, segundo a metodologia do Planalto) e neste em que sua popularidade está nas alturas (43 até sexta-feira, média de dez por mês). Em 2003 foram 41. O número caiu para 37 no ano seguinte e subiu para 43 em 2005, quando estourou a crise do mensalão.

Água e óleo. "O papa gostaria de transformar o Brasil num Irã católico." A frase, dita por um assessor direto de Lula, dá a medida do que pensa o entorno do presidente sobre itens da agenda de Bento 16 como a reivindicação de ensino religioso obrigatório nas escolas públicas do país.

Precavido. Um ministro que conhece a vida está convencido de que Lula arregaçará as mangas pelo fim da reeleição: "Ele não fará como Fernando Henrique, que apostou apenas no desgaste do sucessor para voltar quatro anos depois e se deu mal".

Como o avô. O enredo da pré-candidatura presidencial de Aécio Neves incorporou uma efeméride que lhe cai como uma luva: em 2010 será comemorado o centenário de nascimento de Tancredo.

Morde-e-assopra. Amanhã, antes de ser homenageado no Jóquei Clube de São Paulo em mais um evento para aquecer as turbinas de 2010, Aécio passa no Palácio dos Bandeirantes para tomar um café com José Serra, o outro presidenciável tucano.

Professor. O ministro da Integração Nacional mandou instalar em seu gabinete um quadro branco no qual anota, com pincel atômico, todas as tarefas distribuídas a seus auxiliares. O instrumento de trabalho, utilizado para cobrar resultados, já ganhou apelido: "painel do Geddel".

Tartaruga. Obra incluída entre as que têm a execução "adequada" no balanço do PAC, o Arco Rodoviário do Rio de Janeiro, previsto para terminar em 2010, aparecia em relatório do Tesouro Nacional de outubro de 2005 como pronto para "ser entregue à população no final de 2007".

Porta-voz. Sai do forno nesta semana a nomeação de Ana Luisa Valadares para o cargo de procuradora da Anatel, a agência reguladora do setor de telecomunicações. A advogada foi "assessora de estratégias regulatórias" da Acel, a associação das empresas operadoras de telefonia celular.

Fervura 1. Os conselhos das estatais passaram a se reunir com freqüência nos últimos dias, em muitos casos sem pauta definida. O motivo é a escolha de novos diretores, que devem ser anunciados nas próximas semanas.

Fervura 2. O esforço concentrado não se limita ao PMDB, que rebola para instalar Luiz Paulo Conde na presidência de Furnas. O PT mineiro é só pressão para levar uma diretoria da Petrobras.

Às claras. Há na direção do PT quem defenda uma resolução crítica à distribuição de cargos pela comissão de ministros. "Temos de dar uma satisfação para as bases", diz Romênio Pereira, secretário de Organização do partido.

Às moscas. Os debates preparatórios para o 3º Congresso do PT, marcado para agosto, não têm atraído os militantes. Alguns encontros, nos quais representantes de tendências internas defendem suas teses, foram cancelados por falta de público.

Tiroteio

O aumento dos ministros é justo. Mas por que só o nosso tem de ser parcelado até 2010?


Do presidente da Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal, SANDRO TORRES AVELAR , sobre o fato de a Câmara ter reajustado em 28,5% o salário do primeiro escalão de Lula, enquanto o Executivo resiste ao pedido de 30% de aumento para a PF.

Contraponto

Vim para confundir

Quando ministro da Integração Nacional, no primeiro mandato, o agora deputado Ciro Gomes (PSB-CE) fez inúmeras palestras sobre a transposição do São Francisco, projeto da afeição de Lula que até hoje não saiu do papel.
Com seu estilo enfático, Ciro procurava, nesses eventos, oferecer à platéia números e informações de toda espécie, de modo a solapar as resistências à obra. Certa vez, o ministro apresentava dados em ritmo acelerado a um grupo de parlamentares do Nordeste quando foi interrompido por Inocêncio Oliveira (PR-PE):
-Ô, Ciro, eu já percebi: você fala, fala, fala, que é pra gente não entender nada e desistir de fazer pergunta...


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