Alguns religiosos não conseguiram entrar na basílica; papa indicou preocupação com formação do clero

ELVIRA LOBATO
ENVIADA ESPECIAL A APARECIDA

Um dia após reconhecer a perda de fiéis para as igrejas evangélicas pentecostais e exortar os bispos a não medir esforços para resgatar católicos, o papa Bento 16 falou aos padres que o testemunho de um sacerdócio bem vivido suscita admiração nos fiéis e é "o mais autêntico convite para que outros jovens também respondam positivamente aos apelos do Senhor".
Um dos motivos da vinda do papa foi a preocupação com a renovação do clero na América Latina. No Brasil, 2.000 padres deixaram a batina para se casarem. Cerca de 30 mil pessoas participaram da oração do rosário, com o papa, dentro da basílica de Aparecida, e 7.000 acompanharam por telões do lado de fora, segundo cálculos da Polícia Militar e do Exército. Bento 16 fez um discurso para o público interno da igreja.
Segundo a assessoria do evento, de início, foi cogitado um evento restrito a religiosos. Depois, decidiu-se que seria aberto ao público, mas o papa manteve a tônica do discurso, cortado nove vezes por aplausos.
Bento 16 agradeceu sua acolhida no país. Disse que foi recebido com muito carinho e que seu predecessor, João Paulo 2º, referiu-se várias vezes à acolhida fraterna no Brasil. "Ele tinha razão", acrescentou.
Vários religiosos não conseguiram entrar. Foi o caso da irmã Keller Cordeiro, que viajou de Dourados (MS). "Todo mundo de braços cruzados, em vez de organizar a fila", reclamou.
"Nota zero para o Exército." Para entrar na basílica, era preciso passar por detectores de metais, o que ocasionou grandes filas. A entrada na igreja começou a ser liberada a partir das 15h. O público misturou-se aos religiosos nas filas, e a tensão se instalou, porque padres e freiras esperavam ter prioridade, o que não ocorreu.