São Paulo, terça-feira, 13 de maio de 2008

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Planalto espera que vazador se demita hoje

Governo avalia que é inevitável a convocação de José Aparecido Nunes Pires para depor na CPI dos Cartões Corporativos

Aparecido quer evitar uma punição que possa levar a uma perda de seu cargo no TCU (Tribunal de Contas da União), seu órgão de origem


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Planalto dava como certo o pedido de exoneração de José Aparecido Nunes Pires e avalia ser inevitável sua convocação na CPI dos Cartões Corporativos. A expectativa é que ele formalize hoje sua saída. O formato ainda estava em negociação.
Apontado como vazador do dossiê contra os tucanos, o secretário de Controle Interno da Casa Civil já informou que deixará o cargo e tem sido procurado por aliados do presidente Lula na busca de uma solução negociada para sua saída.
Aparecido quer evitar punições que possam levar a uma perda inclusive de seu cargo no TCU (Tribunal de Contas da União), seu órgão de origem -ele está cedido ao Palácio do Planalto. Até aqui, o governo tem sinalizado que os dados vazados de gastos no governo Fernando Henrique Cardoso não eram mais sigilosos. Assim, não haveria crime no ato de Aparecido, o que lhe poderia custar só uma punição administrativa. José Aparecido foi nomeado secretário de Controle Interno da Casa Civil pelo ex-ministro José Dirceu, em 2003.
Na avaliação do governo, não há como barrar uma convocação de Aparecido. Apesar dos "riscos" envolvidos num depoimento a uma CPI, assessores de Lula dizem que a ida do secretário à comissão tornou-se "inevitável". O maior dano que ele pode causar, na avaliação de governistas, é acusar a secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, de ter ordenado a elaboração do dossiê.
Ontem, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), já divulgava a saída de José Aparecido logo depois de uma reunião com o ministro José Múcio (Relações Institucionais), quando foi tomada a decisão de apoiar o requerimento de convocação do assessor. Jucá defendeu também o depoimento de André Eduardo Fernandes, assessor do senador Álvaro Dias (PSDB-PR). Segundo a PF, ele participou da divulgação dos gastos de FHC.
Os requerimentos de Fernandes e de Aparecido deverão ser colocados em votação na reunião de hoje da CPI. "Eu defendo que tanto André quanto José Aparecido venham prestar esclarecimentos o mais rápido possível", disse: "A informação que eu tenho é que ele [Aparecido] já se afastou do cargo que tinha na Casa Civil".
Aparecido esteve com o advogado Eduardo Toledo para traçar sua defesa. Segundo o advogado, ele está à disposição das autoridades. Toledo só não garante que seu cliente vá falar: "Vamos avaliar o que ele vai falar. Não é jogo de cabra-cega".
"Não podemos deixar essa onda crescer. O governo não pode ficar com a imagem de que está tentado se proteger. Então, que ele [Aparecido] venha logo", disse Jucá ontem.
Fernandes prestou ontem depoimento de mais de três horas ao delegado Sérgio Menezes, da PF. Ele teria dito ao delegado que recebeu o e-mail com os gastos do governo FHC sem o ter solicitado. Aparecido só vai depor à PF depois de ser intimado, o que deve ocorrer hoje. Álvaro Dias depôs no dia 30 de abril e contou como o dossiê chegou em suas mãos.
(ADRIANO CEOLIN, FERNANDA ODILLA, VALDO CRUZ e LUCAS FERRAZ)


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