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Planalto espera que vazador se demita hoje
Governo avalia que é inevitável a convocação de José Aparecido Nunes Pires para depor na CPI dos Cartões Corporativos
Aparecido quer evitar uma punição que possa levar a uma perda de seu cargo no TCU (Tribunal de Contas da União), seu órgão de origem
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Planalto dava como certo o
pedido de exoneração de José
Aparecido Nunes Pires e avalia
ser inevitável sua convocação
na CPI dos Cartões Corporativos. A expectativa é que ele formalize hoje sua saída. O formato ainda estava em negociação.
Apontado como vazador do
dossiê contra os tucanos, o secretário de Controle Interno da
Casa Civil já informou que deixará o cargo e tem sido procurado por aliados do presidente
Lula na busca de uma solução
negociada para sua saída.
Aparecido quer evitar punições que possam levar a uma
perda inclusive de seu cargo no
TCU (Tribunal de Contas da
União), seu órgão de origem
-ele está cedido ao Palácio do
Planalto. Até aqui, o governo
tem sinalizado que os dados vazados de gastos no governo
Fernando Henrique Cardoso
não eram mais sigilosos. Assim,
não haveria crime no ato de
Aparecido, o que lhe poderia
custar só uma punição administrativa. José Aparecido foi
nomeado secretário de Controle Interno da Casa Civil pelo ex-ministro José Dirceu, em 2003.
Na avaliação do governo, não
há como barrar uma convocação de Aparecido. Apesar dos
"riscos" envolvidos num depoimento a uma CPI, assessores
de Lula dizem que a ida do secretário à comissão tornou-se
"inevitável". O maior dano que
ele pode causar, na avaliação de
governistas, é acusar a secretária-executiva da Casa Civil,
Erenice Guerra, de ter ordenado a elaboração do dossiê.
Ontem, o líder do governo no
Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), já divulgava a saída de José
Aparecido logo depois de uma
reunião com o ministro José
Múcio (Relações Institucionais), quando foi tomada a decisão de apoiar o requerimento
de convocação do assessor. Jucá defendeu também o depoimento de André Eduardo Fernandes, assessor do senador Álvaro Dias (PSDB-PR). Segundo
a PF, ele participou da divulgação dos gastos de FHC.
Os requerimentos de Fernandes e de Aparecido deverão
ser colocados em votação na
reunião de hoje da CPI. "Eu defendo que tanto André quanto
José Aparecido venham prestar esclarecimentos o mais rápido possível", disse: "A informação que eu tenho é que ele
[Aparecido] já se afastou do
cargo que tinha na Casa Civil".
Aparecido esteve com o advogado Eduardo Toledo para
traçar sua defesa. Segundo o
advogado, ele está à disposição
das autoridades. Toledo só não
garante que seu cliente vá falar:
"Vamos avaliar o que ele vai falar. Não é jogo de cabra-cega".
"Não podemos deixar essa
onda crescer. O governo não
pode ficar com a imagem de
que está tentado se proteger.
Então, que ele [Aparecido] venha logo", disse Jucá ontem.
Fernandes prestou ontem
depoimento de mais de três horas ao delegado Sérgio Menezes, da PF. Ele teria dito ao delegado que recebeu o e-mail
com os gastos do governo FHC
sem o ter solicitado. Aparecido
só vai depor à PF depois de ser
intimado, o que deve ocorrer
hoje. Álvaro Dias depôs no dia
30 de abril e contou como o
dossiê chegou em suas mãos.
(ADRIANO CEOLIN, FERNANDA ODILLA, VALDO CRUZ e LUCAS FERRAZ)
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