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Contratos da Alstom em SP vão ser investigados
Promotoria apurará negócios de estatais do governo tucano com empresa francesa
Companhia é suspeita de ter pago propinas para ganhar contratos no Brasil; empresa da França integra consórcio da Linha Amarela do Metrô
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público Estadual vai investigar contratos da
Alstom com seis empresas ligadas ao governo de São Paulo.
Além do Metrô, cujos documentos já haviam sido solicitados pela Promotoria na semana
passada, serão apurados os negócios da empresa francesa
com a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos),
Cesp (Companhia Energética
de São Paulo), Eletropaulo, Sabesp (a companhia estadual de
água e saneamento) e CTEEP
(Companhia de Transmissão
de Energia Elétrica Paulista).
A investigação visa apurar
eventuais irregularidades nos
negócios, segundo o promotor
Silvio Marques, da área da cidadania do Ministério Público.
Esse setor pode apurar atos de
improbidade administrativa,
que ocorre quando o patrimônio público é lesado, e no caso
de enriquecimento ilícito de
agentes públicos. Foi Marques
quem investigou os recursos
que o deputado federal Paulo
Maluf (PP-SP) tem no exterior
-o que Maluf nega.
Segundo Marques, não é possível saber o valor total dos contratos. Só no TCE (Tribunal de
Contas do Estado), o promotor
diz ter encontrado 59 páginas
com decisões sobre irregularidades em contratos da Alstom.
A Folha apurou que a Promotoria decidiu pedir a documentação das seis empresas
-e não só do Metrô- depois de
obter informações sobre outros negócios suspeitos da Alstom envolvendo companhias
subordinadas ao governo do
Estado de São Paulo.
A Alstom é uma das maiores
empresas do mundo nas áreas
de energia e de transportes
-foi ela que criou o trem rápido francês, o TGV.
Apuração internacional
A Alstom está sob investigação na França, onde fica sua sede, e na Suíça por suspeitas de
ter pago propina para ganhar
contratos no Brasil, na Venezuela e em Cingapura.
Reportagem do jornal americano "Wall Street Journal", publicada na semana passada, revelou que as promotorias têm
entre os contratos suspeitos
um do Metrô de São Paulo.
De acordo com o jornal, a
Alstom teria pago US$ 6,8 milhões para obter um contrato
de US$ 45 milhões com o Metrô -a suposta propina seria de
15% do valor.
A Alstom é uma das empresas que integra o consórcio que
faz a Linha Amarela do Metrô,
ao lado da Andrade Gutierrez,
Camargo Corrêa, OAS, Odebrecht e Queiroz Galvão.
A Folha revelou na última
quinta-feira que a Polícia Federal encontrou em 2006 dois
comprovantes de depósitos feitos pela Alstom da Suíça em
conta de uma offshore no Uruguai. O dono da offshore contou à polícia que os valores seriam usados para pagar comissão a políticos brasileiros. Os
depósitos eram de US$ 550 mil
e 220 mil.
Ontem, a Folha mostrou que
a PF apreendeu na casa de um
assessor do senador Valdir
Raupp (PMDB-RO) documentos em que a Alstom aparece ao
lado de uma cifra (cerca de R$
2 milhões) e uma série de nomes -entre ele o de Raupp e o
de Adhemar Palocci, diretor da
Eletronorte e irmão de deputado Antonio Palocci (PT-SP).
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