|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
REFORMA
Estratégia governista para aprovar emenda inclui desde convocação de deputados a distribuição de verbas
Governo convoca doentes para a votação
LUCIO VAZ
da Sucursal de Brasília
O governo reforçou a mobilização da sua base de apoio na Câmara para tentar concluir hoje a votação da reforma da Previdência. A
estratégia governista incluiu convocação de deputados doentes e
distribuição de verbas.
A Secretaria de Políticas Regionais e a Caixa Econômica Federal
liberaram mais R$ 13,2 milhões do
Orçamento nos dois últimos dias
para atender redutos eleitorais de
deputados aliados. Na semana
passada, já haviam sido liberados
R$ 52 milhões.
Os líderes dos partidos governistas fizeram um "pente-fino" em
suas bancadas para identificar dissidentes e ausentes na última votação e que agora poderão ajudar o
governo. Eles esperam pelo menos
dez votos a mais hoje.
A Folha apurou que o governo
deverá ter pelo menos oito votos a
mais. No PFL, três deputados que
estiveram ausentes na última sessão deverão ajudar o governo.
José Santana de Vasconcelos
(PFL-MG), que está se recuperando de uma pneumonia em Belo
Horizonte, deverá chegar a Brasília hoje de manhã e retornar para
Minas logo após a votação.
Roberto Fontes (PFL-PE) estava
em missão oficial na Itália. Antecipou o retorno e chega a Brasília às
11h de hoje. Votará a favor.
A deputada Alzira Éwerton
(PSDB-AM) suspenderá sua licença médica para votar. Max Rosenmann (PSDB-PR) chegou atrasado à última sessão, mas estará na
Casa para ajudar o governo.
O fato de a direção do PSDB ter
"fechado questão" a favor do governo não assustou os deputados
Ezídio Pinheiro (PSDB-RS) e José
Thomas Nonô (PSDB-AL). Eles
afirmaram que votarão novamente contra.
"Sei que posso até ficar sem partido, mas não vou mudar meu voto por causa disso", disse Pinheiro. O deputado Antonio Kandir
(PSDB-SP), que errou na última
sessão, votará a favor.
No PMDB, dois deputados ausentes (Sandro Mabel e Barbosa
Neto, ambos de Goiás), estarão
presentes. O ex-líder do governo
no Congresso Germano Rigotto
(PMDB-RS) disse que votará a favor do redutor dos vencimentos
dos aposentados, mas contra a regra de transição para aposentadoria para a iniciativa privada.
Contas públicas
Mediante o compromisso de rever a partir de 99 o limite mínimo
de idade para a aposentadoria dos
futuros trabalhadores, o governo
investe para aprovar hoje o limite
de 53 anos para a aposentadoria de
homens e 48 anos para a de mulheres que já estão no mercado de
trabalho.
Trata-se do dispositivo da reforma com efeito mais imediato sobre as contas públicas. O mecanismo será capaz de barrar, segundo
cálculo do ministério, 11,9% dos
pedidos de aposentadoria em um
ano. Isso significa cerca de 2,3 milhões de benefícios "precoces".
O ministério calcula que a economia para os cofres públicos será
de R$ 1,3 bilhão nos 12 primeiros
meses após a aprovação.
Caso o governo vença, a regra de
transição valerá nos próximos 30
anos. Depois disso, começariam a
valer limites de idade mais altos.
Para tentar convencer os aliados
governistas a aprovar outro ponto
fundamental da reforma -o redutor de até 30% das aposentadorias dos servidores públicos que
ganham acima de R$ 1.200-, o
governo reafirmou o compromisso de só aplicar o corte máximo
nos salários acima de R$ 4.200.
Com isso, o redutor de 30% só
atingiria menos de 5% do funcionalismo público. A maioria
(61,3%) ganha até R$ 1.200.
Colaborou
Marta Salomon, da Sucursal de Brasília
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|