São Paulo, quarta, 13 de maio de 1998

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Maioria das iniciativas tiveram falhas

da Agência Folha, em Aracaju

A maior parte dos projetos de irrigação de Sergipe começaram a ser desenvolvidos em 1985, pelo então governador João Alves Filho (PFL). Alguns apresentaram falhas, como o Califórnia. A principal foi não fixar o homem na terra. Cerca de 60% dos que ganharam o lote venderam suas terras.
O governo não vê nisso um problema. "Foi uma seleção natural", diz Izali Magalhães, uma das agrônomas responsáveis pela supervisão do projeto.
"Quem não tinha habilidade para trabalhar na terra vendeu seu lote. Muitos se arrependeram e voltaram para trabalhar como empregados", afirma Magalhães, funcionária da Cohidro, estatal que administra os projetos públicos de irrigação no Estado.
A partir de 83, o governo estadual realizou uma ampliação da malha de adutoras que captam água no São Francisco e em açudes. O projeto integra uma série de medidas contra a seca.

Deserto
O sol queimou o que havia de pastagem no povoado de Deserto, em Porta da Folha (SE), município que decretou estado de emergência por causa da seca.
O que salva a localidade da penúria é a adutora Alto Sertão, que leva água para metade das cerca de cem casas. Mas parte dos moradores está preocupada com a incapacidade de pagar a conta.
A maioria não tem condições de pagar até R$ 30 mensais, e alguns têm até três contas atrasadas.
Além disso, o prefeito Julio Santana (PMDB) determinou o fechamento do chafariz local. Ele afirma não ter dinheiro para pagar a conta da companhia estadual.
Em troca, envia a cada 15 dias um carro-pipa para abastecer as cisternas, que deveriam ser enchidas pela água das chuvas. Há oito meses não chove em Deserto.
Um cadeado foi colocado no chafariz. Alguns moradores ameaçam quebrá-lo. "Quando a coisa piorar muito, o jeito é quebrar. Vai deixar o povo passando necessidade?", afirma o lavrador aposentado Pedro Santos Silva.
"Isso prejudicou muita gente que vem dos cantos mais distantes buscar água porque não tem encanamento para todos", afirmou o presidente da associação de moradores, Francisco José dos Santos.



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