UOL

São Paulo, sexta-feira, 13 de junho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BASE ALIADA

Miro Teixeira deve levar com ele de 9 a 12 parlamentares do PDT

Ministro decide se filiar ao PMDB

RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Após rápida negociação intermediada diretamente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro das Comunicações, Miro Teixeira, acertou com a cúpula do PMDB sua volta ao partido.
Miro participou da fundação do MDB em 1966. Deixou a legenda em 1989. A filiação do ministro consolida a posição do Palácio do Planalto no PMDB e isola o PDT de Leonel Brizola, que já não é considerado um aliado por Lula.
Entre 9 e 12 deputados do PDT devem acompanhar Miro, segundo cálculos do ministro. O grupo está descontente com o rumo ditado por Brizola ao partido. Ontem, Brizola usou o programa partidário de rádio e TV para desferir novos ataques ao governo. No PDT, já foi protocolado um pedido de expulsão do ministro.
A cúpula do PMDB assegura ter obtido o compromisso de Lula de que Miro não será considerado um ministro da cota do partido na próxima reforma ministerial. Ou seja, o PMDB teria direito a outra Pasta. "Nós queremos o deputado Miro Teixeira e não o ministro Miro Teixeira", disse o líder na Câmara, Eunício Oliveira (CE).
Apesar de a cúpula peemedebista negar, é certo que a legenda ficará com uma fatia do Ministério das Comunicações. As mudanças ocorreriam sobretudo nas áreas sob a influência de Brizola, como a presidência dos Correios.
Nas conversas com o PMDB, Miro disse que se sentia "desconfortável" e "constrangido" no PDT, por causa dos ataques de Brizola ao governo. Em conversa no final da tarde de ontem com Eunício e o líder no Senado, Renan Calheiros (AL), ele falou em resgatar a história do MDB, do qual foi um dos fundadores.
A volta do ministro ao partido começou a tomar forma há duas semanas, num almoço dos dirigentes peemedebistas com Lula no Alvorada. Na terça-feira passada, entrou em cena o deputado Henrique Eduardo Alves (RN), amigo do ministro e do deputado Moreira Franco (RJ), até então o principal empecilho à negociação.
Franco se comprometeu a não vetar a filiação. "Não faço política de vetos. O PMDB aceitou o Sarney, que presidiu a Arena e tem um filho em um partido e a filha em outro", disse Moreira Franco, referindo-se a Sarney Filho (PV-MA) e Roseana Sarney (PFL-MA). O senador Sérgio Cabral (RJ) recebeu a garantia de que Miro não quer disputar nem a prefeitura nem o governo do Rio.
Antes de se filiar ao partido, o que deve ocorrer nos próximos 15 dias, Teixeira conversará com Franco e Cabral. A filiação de Teixeira consolida a influência do governo no PMDB. Graças ao apoio do Planalto, o grupo governista aos poucos tomou conta do partido, após a eleição de Sarney para a presidência do Senado. Calheiros, que apoiou o PSDB na eleição presidencial, compôs com o Planalto. Temer também acabou convencido de que o melhor para a sigla era fazer um acordo com Lula. Com Miro, o Planalto ganha uma referência no PMDB do Rio.


Texto Anterior: Janio de Freitas: Atrás das verdades
Próximo Texto: PDT critica Lula e diz que votará contra reforma
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.