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BASE ALIADA
Miro Teixeira deve levar com ele de 9 a 12 parlamentares do PDT
Ministro decide se filiar ao PMDB
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após rápida negociação intermediada diretamente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o
ministro das Comunicações, Miro Teixeira, acertou com a cúpula
do PMDB sua volta ao partido.
Miro participou da fundação do
MDB em 1966. Deixou a legenda
em 1989. A filiação do ministro
consolida a posição do Palácio do
Planalto no PMDB e isola o PDT
de Leonel Brizola, que já não é
considerado um aliado por Lula.
Entre 9 e 12 deputados do PDT
devem acompanhar Miro, segundo cálculos do ministro. O grupo
está descontente com o rumo ditado por Brizola ao partido. Ontem, Brizola usou o programa
partidário de rádio e TV para desferir novos ataques ao governo.
No PDT, já foi protocolado um
pedido de expulsão do ministro.
A cúpula do PMDB assegura ter
obtido o compromisso de Lula de
que Miro não será considerado
um ministro da cota do partido
na próxima reforma ministerial.
Ou seja, o PMDB teria direito a
outra Pasta. "Nós queremos o deputado Miro Teixeira e não o ministro Miro Teixeira", disse o líder
na Câmara, Eunício Oliveira (CE).
Apesar de a cúpula peemedebista negar, é certo que a legenda ficará com uma fatia do Ministério
das Comunicações. As mudanças
ocorreriam sobretudo nas áreas
sob a influência de Brizola, como
a presidência dos Correios.
Nas conversas com o PMDB,
Miro disse que se sentia "desconfortável" e "constrangido" no
PDT, por causa dos ataques de
Brizola ao governo. Em conversa
no final da tarde de ontem com
Eunício e o líder no Senado, Renan Calheiros (AL), ele falou em
resgatar a história do MDB, do
qual foi um dos fundadores.
A volta do ministro ao partido
começou a tomar forma há duas
semanas, num almoço dos dirigentes peemedebistas com Lula
no Alvorada. Na terça-feira passada, entrou em cena o deputado
Henrique Eduardo Alves (RN),
amigo do ministro e do deputado
Moreira Franco (RJ), até então o
principal empecilho à negociação.
Franco se comprometeu a não
vetar a filiação. "Não faço política
de vetos. O PMDB aceitou o Sarney, que presidiu a Arena e tem
um filho em um partido e a filha
em outro", disse Moreira Franco,
referindo-se a Sarney Filho (PV-MA) e Roseana Sarney (PFL-MA). O senador Sérgio Cabral
(RJ) recebeu a garantia de que Miro não quer disputar nem a prefeitura nem o governo do Rio.
Antes de se filiar ao partido, o
que deve ocorrer nos próximos 15
dias, Teixeira conversará com
Franco e Cabral. A filiação de Teixeira consolida a influência do governo no PMDB. Graças ao apoio
do Planalto, o grupo governista
aos poucos tomou conta do partido, após a eleição de Sarney para a
presidência do Senado. Calheiros,
que apoiou o PSDB na eleição
presidencial, compôs com o Planalto. Temer também acabou
convencido de que o melhor para
a sigla era fazer um acordo com
Lula. Com Miro, o Planalto ganha
uma referência no PMDB do Rio.
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