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São Paulo, sexta-feira, 13 de junho de 2003

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PT X PT

Primeiro escalão se encontrou anteontem e quer enquadrar dissidentes e combater desarticulação entre dirigentes

Cúpula petista se reúne para frear desgaste

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A cúpula do PT se reuniu anteontem com a maioria dos ministros e secretários de primeiro escalão do partido no governo para tentar enquadrar os dissidentes da bancada congressual e frear uma desarticulação entre os dirigentes da legenda. Também foi pedido aos ministros que gastem seus recursos orçamentários, tentando tirar do papel medidas que tragam boas notícias ao governo.
Segundo a Folha apurou, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a cúpula do PT avaliam que o partido e o vice-presidente José Alencar (PL) foram nas últimas três semanas as forças que mais desgastaram o governo. Houve rebeliões de parlamentares e duras críticas de petistas e de intelectuais ligados ao partido que chatearam o presidente.
O presidente do PT, José Genoino, disse aos ministros que o partido não podia continuar a ser o principal foco de problemas para o governo na hora em que as reformas previdenciária e tributária estão na fase decisiva e em que o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) prepara medidas para atenuar o rigor fiscal e monetário.
Foi transmitida, mais uma vez, a insatisfação de Lula em relação à baixa execução orçamentária dos ministérios. Os gastos em investimento somam apenas 1% do Orçamento deste ano, como revelou a Folha anteontem.
Tanto Genoino como Dirceu falaram que eram inadmissíveis atitudes como as dos congressistas do partido que participaram da primeira grande manifestação contra o governo, anteontem.
No dia do protesto, logo pela manhã, Lula disse ao ministro da Casa Civil para tratar os parlamentares petistas rebeldes como "dissidentes". Segundo a Folha apurou, Lula disse a Dirceu: "Quem é companheiro é companheiro. Quem é dissidente é dissidente". E ordenou retaliação em relação a cargos e verbas federais.
Detalhe: participaram da reunião o secretário nacional de Organização do PT, Sílvio Pereira, que tem o mapa de cargos e verbas federais, e o secretário nacional de Finanças, Delúbio Soares, que organiza a estratégia financeira para as eleições municipais do ano que vem.
Genoino lembrou que todas as tendências do PT, até mesmo as mais radicais, estão contempladas no governo e que as críticas de membros da bancada federal e do partido eram desleais. Segundo ele, devem ser feitas internamente e não de público.
Nos últimos dias, houve falta de entrosamento até mesmo entre os moderados. O presidente da Câmara, João Paulo Cunha (SP), decidiu instalar a CPI do Banestado (sobre cerca de US$ 30 bilhões que deixaram o país na segunda metade dos anos 90), contrariando Lula e Dirceu.

Versão oficial
Oficialmente, Genoino disse que a reunião era para "uniformizar" o discurso. A Folha apurou, porém, que o encontro foi tenso. Os ministros deverão jogar duro com os rebeldes do PT.
Apesar de a reunião ter sido solicitada por Genoino havia uma semana, segundo o ministro Luiz Dulci (Secretaria Geral), o encontro teve ar de desagravo a Lula, bastante criticado na manifestação daquele dia. Dulci disse que foi "uma troca de idéias entre o partido e o governo".


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