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Frei Chico quis alertar Lula, afirma advogado
Irmão tentou levar Vavá a Brasília para discutir o caso, diz Bandeira de Mello
Cardíaco, Frei Chico passou por exames ontem no Incor, após ter sido internado pela
família, preocupada com divulgação de grampo da PF
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
FERNANDO BARROS DE MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Iberê Bandeira de Mello, advogado de José Ferreira da Silva, o Frei Chico, afirmou ontem
que foi idéia de seu cliente marcar um encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
e o irmão de ambos, Genival
Inácio da Silva, o Vavá, investigado pela Polícia Federal na
Operação Xeque-Mate. A reunião teria caráter de advertência, mas acabou não ocorrendo.
Segundo o advogado, a reunião não ocorreu, mas a intenção de Frei Chico era alertar os
irmãos de que a revista "Veja"
preparava uma reportagem sobre um suposto lobby de Vavá
em ministérios de Lula.
Bandeira de Mello disse que
Frei Chico avaliou que Vavá poderia estar sendo usado. "O
Frei Chico tem formação política, foi do Partidão [PCB, Partido Comunista Brasileiro]. O
Vavá é aposentado, não tem a
visão política", disse.
Por conta disso, teria ligado
para Vavá. "O convite partiu
dele [Frei Chico]. Havia o boato
de que a revista "Veja" iria publicar algo sobre o Vavá, que seria
a apresentação de pessoas a ministros, coisa que o Frei Chico
não acredita que o Vavá faça.
Então, ao chegar a São Paulo,
ele procurou o irmão [Vavá] para levá-lo ao presidente", disse.
Anteontem à noite, Frei Chico já havia admitido ao "Jornal
da Globo" (TV Globo), que,
conforme grampo da Polícia
Federal, ligara no dia 20 de
maio deste ano para Vavá.
Na conversa, Frei Chico diz:
"O Lula quer que você vá lá,
ouvi-lo à noite, pra conversar
com ele à noite".
Em outro trecho, ele adverte
o irmão, que planejava ir até
Brasília: "É, mas, Vavá, eu quero saber, Vavá, por que tem
umas broncas lá, que você anda
apresentando uma pessoa lá
nos ministérios e ele...".
De acordo com Bandeira de
Mello, Frei Chico não quer precisar a origem das informações
colhidas em Brasília. Ele também não disse quem seria a
pessoa apresentada por Vavá
nos ministérios.
"Bronca é gíria, é a mesma
coisa que sujeira, é linguajar
popular: tem uma bronca lá."
Ainda conforme o advogado,
Lula não conversou com seu
cliente sobre o suposto lobby. O
presidente estaria apenas preocupado com a saúde de Vavá,
que faria um cirurgia.
No relatório da escuta telefônica produzido pela PF, Frei
Chico é identificado apenas como "Roberto". Sua identidade
só foi descoberta anteontem.
"Eu suponho que seja uma
brincadeira familiar porque o
Frei Chico foi do Partidão
[PCB, Partido Comunista Brasileiro] e ficou clandestino
muito tempo, podia ser um codinome dos tempos da ditadura. O dele devia ser Roberto."
Hospital
Bandeira de Mello afirmou
ser amigo da família de Lula
desde o final dos anos 60. Por
isso, estaria apenas fazendo um
"favor" de amigo ao apresentar
a defesa de Frei Chico.
Enquanto Bandeira de Mello, atendia aos jornalistas, Frei
Chico passava por exames médicos no Incor (Instituto do
Coração), em São Paulo.
Ele estava internado desde
anteontem, quando deu entrada às 23h40 na unidade de
emergência, sendo encaminhado para uma unidade de avaliação. Frei Chico deixou o local
por volta das 17h30, por uma
saída privativa, e não quis falar
com a imprensa. Segundo seus
familiares, ele retornaria a São
Caetano do Sul, na Grande SP.
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