São Paulo, quarta-feira, 13 de junho de 2007

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Frei Chico quis alertar Lula, afirma advogado

Irmão tentou levar Vavá a Brasília para discutir o caso, diz Bandeira de Mello

Cardíaco, Frei Chico passou por exames ontem no Incor, após ter sido internado pela família, preocupada com divulgação de grampo da PF


JOSÉ ALBERTO BOMBIG
FERNANDO BARROS DE MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Iberê Bandeira de Mello, advogado de José Ferreira da Silva, o Frei Chico, afirmou ontem que foi idéia de seu cliente marcar um encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o irmão de ambos, Genival Inácio da Silva, o Vavá, investigado pela Polícia Federal na Operação Xeque-Mate. A reunião teria caráter de advertência, mas acabou não ocorrendo.
Segundo o advogado, a reunião não ocorreu, mas a intenção de Frei Chico era alertar os irmãos de que a revista "Veja" preparava uma reportagem sobre um suposto lobby de Vavá em ministérios de Lula.
Bandeira de Mello disse que Frei Chico avaliou que Vavá poderia estar sendo usado. "O Frei Chico tem formação política, foi do Partidão [PCB, Partido Comunista Brasileiro]. O Vavá é aposentado, não tem a visão política", disse.
Por conta disso, teria ligado para Vavá. "O convite partiu dele [Frei Chico]. Havia o boato de que a revista "Veja" iria publicar algo sobre o Vavá, que seria a apresentação de pessoas a ministros, coisa que o Frei Chico não acredita que o Vavá faça. Então, ao chegar a São Paulo, ele procurou o irmão [Vavá] para levá-lo ao presidente", disse.
Anteontem à noite, Frei Chico já havia admitido ao "Jornal da Globo" (TV Globo), que, conforme grampo da Polícia Federal, ligara no dia 20 de maio deste ano para Vavá.
Na conversa, Frei Chico diz:
"O Lula quer que você vá lá, ouvi-lo à noite, pra conversar com ele à noite".
Em outro trecho, ele adverte o irmão, que planejava ir até Brasília: "É, mas, Vavá, eu quero saber, Vavá, por que tem umas broncas lá, que você anda apresentando uma pessoa lá nos ministérios e ele...".
De acordo com Bandeira de Mello, Frei Chico não quer precisar a origem das informações colhidas em Brasília. Ele também não disse quem seria a pessoa apresentada por Vavá nos ministérios.
"Bronca é gíria, é a mesma coisa que sujeira, é linguajar popular: tem uma bronca lá."
Ainda conforme o advogado, Lula não conversou com seu cliente sobre o suposto lobby. O presidente estaria apenas preocupado com a saúde de Vavá, que faria um cirurgia.
No relatório da escuta telefônica produzido pela PF, Frei Chico é identificado apenas como "Roberto". Sua identidade só foi descoberta anteontem.
"Eu suponho que seja uma brincadeira familiar porque o Frei Chico foi do Partidão [PCB, Partido Comunista Brasileiro] e ficou clandestino muito tempo, podia ser um codinome dos tempos da ditadura. O dele devia ser Roberto."

Hospital
Bandeira de Mello afirmou ser amigo da família de Lula desde o final dos anos 60. Por isso, estaria apenas fazendo um "favor" de amigo ao apresentar a defesa de Frei Chico.
Enquanto Bandeira de Mello, atendia aos jornalistas, Frei Chico passava por exames médicos no Incor (Instituto do Coração), em São Paulo.
Ele estava internado desde anteontem, quando deu entrada às 23h40 na unidade de emergência, sendo encaminhado para uma unidade de avaliação. Frei Chico deixou o local por volta das 17h30, por uma saída privativa, e não quis falar com a imprensa. Segundo seus familiares, ele retornaria a São Caetano do Sul, na Grande SP.


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