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"Vavá é pra ser usado" como lobista, diz Servo em grampo
Empresário preso via "futuro" no irmão de Lula, mas devia ser acompanhado
Em gravação da PF, Servo diz que nos últimos meses Vavá teria recebido dele entre
R$ 14 mil e R$ 15 mil, sem especificar por quais razões
DO ENVIADO A CAMPO GRANDE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
Em gravações telefônicas feitas pela Polícia Federal na Operação Xeque-Mate, o empresário de bingo Nilton Cezar Servo
diz que Genival Inácio da Silva,
o Vavá, irmão do presidente
Lula, "tem futuro", como lobista bastando que fosse "usado"
adequadamente. Na descrição
de Servo, era alguém que sabia
abrir portas, desde que acompanhado por outras pessoas.
"Pegar o Vavá para ser usado,
o Vavá é pra ser usado", diz Servo em uma ligação telefônica
interceptada pela PF. Nas gravações o empresário preso afirma também que calcula ter pago R$ 14 mil ou R$15 mil para
Vavá nos últimos meses.
Servo dizia que ia fazer bons
negócios com lobby no setor
público. Para isso, ele aposta
nos contatos com Vavá.
As gravações da PF mostra
também que Servo queria "terceirizar" os serviços de lobby de
Vavá, para um empreiteiro
identificado apenas como
"Acássio". Numa das ligações
interceptada pela Polícia Federal, o seu cunhado, identificado
como Serra, chama Servo de
"parceiro do lobby".
Na mesma conversa, Servo
explica seu objetivo: "Por
exemplo, ontem apareceu um
amigo meu aqui que ligou para
um empresário de Manaus, que
tem uma indústria (...). Ele tá
com um projeto de um financiamento para aumentar a indústria dele, de papel higiênico,
de R$ 100 milhões, tá no
BNDES [Banco Nacional do
Desenvolvimento Econômico e
Social], tá parado isso lá e não tá
conseguindo resolver isso, entendeu? (...) É um assunto que
já vai em cima, na hora, pá, pá,
pá. Pum. "Libera essa grana pro
cara aí"."
Em outras gravações de conversas telefônicas, Servo refere-se a uma pessoa como o "filho do homem".
Em momento nenhum das
conversas a identidade dessa
pessoa é revelada. Em outras
gravações entre Servo e Vavá, o
presidente Lula é definido como o "homem".
Servo refere-se ao "filho do
homem" em três interceptações telefônicas. Em uma delas,
ele afirma que esta pessoa iria
visitá-lo em Campo Grande
acompanhado do compadre de
Lula, Dario Morelli Filho.
Numa conversa com seu cunhado, Servo também indica
que já se encontrou com "o filho do homem" em fins de semana. "Eu tô trazendo o pessoal pra cá agora, neste fim de
semana, não no outro, tá certo?
Tô trazendo inclusive o filho do
homem, entendeu? Certo?
Uma nova... Já tive um fim de
semana junto, já tive outro final, eu tô ficando bem dentro,
bem dentro do negócio, entendeu, certo?", disse Servo.
Em outra ligação no mesmo
dia, 14 de março, desta vez para
um empreiteiro identificado
como "Acássio", o empresário
de bingos volta a mencionar essa visita. "Tanto é que o Dario
tá vindo pra cá amanhã, entendeu? Pra Campo Grande. Tá
vindo ele e tá vindo o filho do
homem. Nem o Vavá sabe disso, que eles tão vindo pra cá",
disse Servo.
Na terceira interceptação, é
Serra quem conta a Servo que
disse a "Acácio" sobre a "programação" do grupo de lobistas. "O Nilton, o Dario e o Vavá
vão correr nesta semana. O que
eu entendi, mais ou menos, a
programação, eles devem dar
uma corrida e semana que vem
eles vão a Campo Grande. Inclusive o filho do homem vai tá
lá junto. Também vai passar
uns dias lá, tá certo?"
O advogado da família Servo,
Eldes Rodrigues, disse ontem
que apenas o empresário poderia esclarecer quem seria "o filho do homem".
(RUBENS VALENTE E HUDSON CORRÊA)
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