São Paulo, sexta-feira, 13 de junho de 2008

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Serra diz que apoiará Alckmin se ele for o escolhido do PSDB

Governador afirma, porém, que não deixará de "reconhecer e defender" gestão de Kassab

"Para mim, para o Estado e para a cidade, o ideal é que a aliança continuasse, mais fortalecida", mas isso "não foi possível", afirmou tucano


CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Em meio à forte pressão de alckmistas e kassabistas, o governador José Serra (PSDB) finalmente se manifestou sobre a sucessão municipal. Mesmo reconhecendo que o "ideal" seria a manutenção da aliança entre DEM e PSDB, Serra disse ontem à Folha que seu candidato será o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), caso essa seja a decisão do partido.
"Se a convenção do meu partido decidir por um candidato do PSDB, no caso o Geraldo Alckmin, eu estarei com o partido. Ele tem toda a biografia e a experiência necessárias para exercer bem o cargo de prefeito. Basta lembrar seu bem-sucedido mandato como governador de São Paulo", disse.
Esse apoio, diz, inclui participação no programa eleitoral gratuito e presença no palanque de Alckmin.
Visivelmente desconfortável com o quadro eleitoral, Serra manda, porém, um recado aos alckmistas mais inflamados. Continuará a prestigiar o prefeito Gilberto Kassab mesmo porque manteve seus projetos, "além das numerosas inovações positivas que promoveu". Kassab foi vice de Serra até 2006, quando o tucano renunciou para disputar o governo.
"Não deixarei de reconhecer e defender sempre a qualidade da ação administrativa e política do Gilberto Kassab e de sua excelente equipe à frente da prefeitura, que deram seqüência, ponto por ponto, à minha gestão no município."
Serra admite que torcia por outro desfecho. "Para mim, para o Estado e para a cidade, o ideal é que a aliança continuasse, mais fortalecida. Por isso defendi sempre que houvesse uma só candidatura das forças aliadas."
Isso, diz, "não foi possível devido aos motivos conhecidos".
Ao frisar que esse cenário de ambigüidade não fora idealizado por ele, o governador dá sinais de que espera que os tucanos entendam sua situação. "Fui eleito por uma aliança, que, entre outros partidos, incluiu o DEM. Governo o Estado sob essa aliança, que tem funcionado muito bem, como funcionou também quando fui prefeito de São Paulo e continuou dando certo depois que saí da prefeitura", justificou.
Serra disse ainda que se empenhará para que os dois partidos estejam juntos no segundo turno. Em conversas com Alckmin e com Kassab, Serra tem recomendado que evitem farpas no primeiro turno.
"Trabalharei com todas minhas forças para que, no segundo turno, nossos candidatos estejam juntos, e a cidade mantenha, no próximo quadriênio, uma gestão eficiente, responsável, sob a égide da aliança que vem dando tanto certo no município e no Estado".
Até agora, sempre que questionado, o governador evitava falar qual seria sua atitude com a cristalização das candidaturas de Alckmin e do prefeito Gilberto Kassab (DEM).
Mas, consolidado o cenário, Serra disse a aliados que não tem outra opção se não apoiar a escolha do PSDB. "Como ficar contra o partido?", repetia.
No PSDB, a manifestação de Serra funciona como um balde de água fria para os articuladores do apoio à reeleição de Kassab. Na noite de quarta-feira, o presidente do partido, Sérgio Guerra, chamou o secretário municipal de Esportes, Walter Feldman, e o líder do PSDB na Câmara Municipal, Gilberto Natalini, em Brasília.
Ainda que sem pedir abertamente que abandonassem a coleta de assinatura para apresentação de chapa contrária à de Alckmin, Guerra pediu que fosse preservada a unidade do partido. "Ele pregou uma política de redução de danos", relatou Feldman.
Sob pressão também das executivas estadual e nacional, os vereadores do PSDB decidiram se reunir ontem para avaliar se mantêm ou não a estratégia. Amanhã, realizarão uma reunião ampliada com os defensores da candidatura Kassab. "A conversa é ampla. Mas, por enquanto, a estratégia está mantida", disse Natalini.


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