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Como Churchill, Lula cita lágrimas, suor e sangue
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Dizendo-se "calejado" no momento em que enfrenta a pior crise política de seu governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recorreu ao ex-premiê britânico
Winston Churchill (1874-1965).
Disse, durante a posse do sindicalista Luiz Marinho no Ministério
do Trabalho, que as conquistas
somente vêm por meio de "lágrimas, suor e sangue".
Ao assumir o governo em 1940,
frente à ameaça da invasão nazista na 2ª Guerra Mundial, Churchill fez um famoso discurso no
qual oferecia ao povo "sangue,
trabalho, lágrimas e suor".
Lula falava que o governo está
"preparado" para enfrentar o trabalho, as viagens e as críticas da
imprensa. "Mas todos nós estamos calejados, preparados. Nunca tivemos momentos fáceis na
vida, nunca. Não conheço um
momento na minha vida em que
uma conquista não foi à custa de
sacrifício, com lágrimas, suor,
sangue. E é assim."
Assim como fizera um dia antes
diante de sindicalistas, o presidente voltou ontem a citar o PT,
acusado de pagar "mesadas" a
partidos da base aliada em troca
de apoio na Câmara. Segundo ele,
o momento do partido é "histórico, importante e decisivo".
Ontem pela manhã, Lula participou da posse de Marinho no lugar de Ricardo Berzoini no Ministério do Trabalho. Diante de dirigentes sindicais e de ao menos 30
ministros, que em seguida participaram da décima reunião ministerial de seu governo, o presidente
disse aos presentes para não se
preocuparem com as "cobranças", pois, segundo ele, elas devem ser usadas como "alerta".
De improviso, Lula falou por 12
minutos na cerimônia, que começou com uma hora de atraso. Em
sua fala, destacou o currículo sindical de Marinho ("duro como o
Palocci") e elogiou a atuação "surpreendente" de Berzoini enquanto esteve à frente da pasta.
Para Lula, a atuação de Berzoini
no PT, que no último final de semana assumiu a função de secretário-geral do partido, é "mais importante" do que seu retorno à
Câmara dos Deputados -ele é
deputado eleito por São Paulo.
"Sei da tarefa que você vai assumir, primeiro, como deputado federal (...) Mas uma tarefa mais
importante é a de ser secretário-geral do PT neste momento histórico e decisivo", disse.
A seguir, Lula passou a dar recados a Marinho, que deixa a presidência da CUT (Central Única
dos Trabalhadores) para assumir
a pasta: "As cobranças servem para alertar a gente de que é preciso
fazer algo mais, é preciso, às vezes,
dar respostas".
Marinho
Em seu discurso de posse, o novo ministro do Trabalho, Luiz
Marinho, rebateu "teses expressas
em editoriais de jornais" de que
sua luta por aumento real no salário mínimo contraria a política
econômica do governo: "O Palocci está aqui e sabe perfeitamente
bem que não é assim. Nós teremos, certamente, um trabalho em
sintonia para construir um salário
mínimo decente para o país".
(EDUARDO SCOLESE E ANA FLOR)
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