São Paulo, quarta-feira, 13 de julho de 2005

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Como Churchill, Lula cita lágrimas, suor e sangue

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Dizendo-se "calejado" no momento em que enfrenta a pior crise política de seu governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recorreu ao ex-premiê britânico Winston Churchill (1874-1965). Disse, durante a posse do sindicalista Luiz Marinho no Ministério do Trabalho, que as conquistas somente vêm por meio de "lágrimas, suor e sangue".
Ao assumir o governo em 1940, frente à ameaça da invasão nazista na 2ª Guerra Mundial, Churchill fez um famoso discurso no qual oferecia ao povo "sangue, trabalho, lágrimas e suor".
Lula falava que o governo está "preparado" para enfrentar o trabalho, as viagens e as críticas da imprensa. "Mas todos nós estamos calejados, preparados. Nunca tivemos momentos fáceis na vida, nunca. Não conheço um momento na minha vida em que uma conquista não foi à custa de sacrifício, com lágrimas, suor, sangue. E é assim."
Assim como fizera um dia antes diante de sindicalistas, o presidente voltou ontem a citar o PT, acusado de pagar "mesadas" a partidos da base aliada em troca de apoio na Câmara. Segundo ele, o momento do partido é "histórico, importante e decisivo".
Ontem pela manhã, Lula participou da posse de Marinho no lugar de Ricardo Berzoini no Ministério do Trabalho. Diante de dirigentes sindicais e de ao menos 30 ministros, que em seguida participaram da décima reunião ministerial de seu governo, o presidente disse aos presentes para não se preocuparem com as "cobranças", pois, segundo ele, elas devem ser usadas como "alerta".
De improviso, Lula falou por 12 minutos na cerimônia, que começou com uma hora de atraso. Em sua fala, destacou o currículo sindical de Marinho ("duro como o Palocci") e elogiou a atuação "surpreendente" de Berzoini enquanto esteve à frente da pasta.
Para Lula, a atuação de Berzoini no PT, que no último final de semana assumiu a função de secretário-geral do partido, é "mais importante" do que seu retorno à Câmara dos Deputados -ele é deputado eleito por São Paulo.
"Sei da tarefa que você vai assumir, primeiro, como deputado federal (...) Mas uma tarefa mais importante é a de ser secretário-geral do PT neste momento histórico e decisivo", disse.
A seguir, Lula passou a dar recados a Marinho, que deixa a presidência da CUT (Central Única dos Trabalhadores) para assumir a pasta: "As cobranças servem para alertar a gente de que é preciso fazer algo mais, é preciso, às vezes, dar respostas".

Marinho
Em seu discurso de posse, o novo ministro do Trabalho, Luiz Marinho, rebateu "teses expressas em editoriais de jornais" de que sua luta por aumento real no salário mínimo contraria a política econômica do governo: "O Palocci está aqui e sabe perfeitamente bem que não é assim. Nós teremos, certamente, um trabalho em sintonia para construir um salário mínimo decente para o país". (EDUARDO SCOLESE E ANA FLOR)

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