São Paulo, quarta-feira, 13 de julho de 2005

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PERFIL

Novo ministro deve continuar modelo de Tarso

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

É de Fernando Haddad, 42, sucessor de Tarso Genro no Ministério da Educação, a paternidade do programa de maior visibilidade até o momento entre os já implementados na área no governo Lula: o Prouni (Programa Universidade para Todos).
Haddad, secretário-executivo do ministério, assumiu o cargo com a ida de Tarso para a Educação, em janeiro de 2004. Antes, era assessor especial do então ministro do Planejamento, Guido Mantega. O esboço do Prouni foi apresentado por Haddad a dirigentes de instituições privadas quando ele ainda estava no Ministério do Planejamento.
A idéia de oferecer bolsas de estudos para alunos carentes em universidades privadas por meio de isenção fiscal tem sua origem na Prefeitura de São Paulo, na gestão da petista Marta Suplicy (2001-2004), quando Haddad foi assessor do então secretário municipal de Finanças, João Sayad.
Como o projeto da emenda constitucional que cria o Fundeb (Fundo da Educação Básica) ainda está sendo analisado pelo Congresso e a proposta de reforma universitária está ainda na fase final de elaboração, motivo pelo qual Tarso quis ficar no Ministério até o fim do mês, o ProUni é a principal vitrine do governo na área até o momento, com 112 mil estudantes beneficiados.
Haddad será o terceiro ministro da Educação em dois anos e sete meses de governo Lula, mas sua escolha para o cargo sinaliza que, dessa vez, ao contrário da troca anterior, não deve haver descontinuidade de projetos.
O primeiro ministro petista foi o hoje senador Cristovam Buarque (PT-DF), que defendia prioridade para o ensino básico e, especialmente, para o programa de alfabetização de adultos. Quando Tarso assumiu o ministério, o discurso mudou, passando a ser enfatizada a "visão sistêmica" da educação, ou seja, a de que é necessário trabalhar todos os níveis do ensino ao mesmo tempo. Tarso deixa o ministério para ocupar a presidência do PT.
Antes de assumir cargos em administrações petistas, Fernando Haddad fez carreira acadêmica na USP, onde se graduou no curso de direito, fez mestrado em economia, doutorado em filosofia e foi professor de ciência política na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas.
Sua tese de mestrado foi sobre o "caráter socioeconômico do sistema soviético". No mestrado, Haddad fez uma análise crítica da leitura que o filósofo alemão Jürgen Habermas fez do autor de "O Capital", Karl Marx.
Entre seus livros publicados estão "Em Defesa do Socialismo" (editora Vozes) e "O Sistema Soviético" (editora Scritta).


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