São Paulo, quarta-feira, 13 de julho de 2005

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PERFIL

Rezende transita pelos mundos político e acadêmico

DA REPORTAGEM LOCAL

O novo ministro da Ciência e Tecnologia, o físico carioca Sérgio Machado Rezende, 65, é definido por um de seus colegas como "anfíbio" -alguém que trabalha com a mesma desenvoltura nos domínios científico e político. A expectativa entre os pesquisadores é que ele continue o trabalho do ex-ministro Eduardo Campos.
A suposição faz sentido quando se considera que Rezende, como seu predecessor, também vem do PSB (Partido Socialista Brasileiro) de Pernambuco e é colaborador de longa data de Miguel Arraes. Trata-se do terceiro ministro da pasta no governo Lula, e o terceiro pertencente ao PSB.
Antes das ligações políticas, no entanto, "ele é um dos cientistas de mais alto nível no Brasil, com grande prestígio na comunidade acadêmica", afirma Ricardo Galvão, diretor do CBPF (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas), no Rio de Janeiro. Formado originalmente em engenharia eletrônica pela PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Rio, Rezende fez seu doutorado em física pelo prestigioso MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), nos Estados Unidos.
De volta ao Brasil, Rezende lecionou na PUC-RJ e passou uma temporada na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). "Não chegou a ficar nem um ano. Nessa época ele já tinha a intenção de ir para Pernambuco", recorda o físico Rogério Cezar de Cerqueira Leite, professor emérito da Unicamp e membro do Conselho Editorial da Folha. Rezende foi um dos responsáveis por tornar a UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) um centro de excelência em pesquisas físicas.
O pesquisador manteve o trabalho acadêmico em bom nível (neste ano, um de seus artigos foi publicado pela prestigiosa revista científica "Physical Review Letters"), mas, desde os anos 1980, tem aumentado sua participação como gestor de ciência e tecnologia. Ajudou a criar a Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco em 1989, foi secretário de Estado da área de 1995 a 1998 e, desde fevereiro de 2003, ocupava a presidência da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos, órgão de fomento federal).
"O nome dele vem sendo cogitado para o ministério desde o começo do governo Lula", afirma Ennio Candotti, da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), para quem Rezende "une as virtudes do político e do cientista". Candotti avalia que o legado de Eduardo Campos é positivo e que o relacionamento entre o ministério e o Congresso, por exemplo, melhorou na gestão dele. A presença do ex-ministro, que reassume como deputado, na Câmara, junto com Rezende na pasta, deve manter essa tendência, diz Candotti.


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