|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PERFIL
Rezende transita pelos mundos político e acadêmico
DA REPORTAGEM LOCAL
O novo ministro da Ciência e
Tecnologia, o físico carioca Sérgio
Machado Rezende, 65, é definido
por um de seus colegas como "anfíbio" -alguém que trabalha
com a mesma desenvoltura nos
domínios científico e político. A
expectativa entre os pesquisadores é que ele continue o trabalho
do ex-ministro Eduardo Campos.
A suposição faz sentido quando
se considera que Rezende, como
seu predecessor, também vem do
PSB (Partido Socialista Brasileiro)
de Pernambuco e é colaborador
de longa data de Miguel Arraes.
Trata-se do terceiro ministro da
pasta no governo Lula, e o terceiro
pertencente ao PSB.
Antes das ligações políticas, no
entanto, "ele é um dos cientistas
de mais alto nível no Brasil, com
grande prestígio na comunidade
acadêmica", afirma Ricardo Galvão, diretor do CBPF (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas), no
Rio de Janeiro. Formado originalmente em engenharia eletrônica
pela PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Rio, Rezende fez
seu doutorado em física pelo
prestigioso MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), nos
Estados Unidos.
De volta ao Brasil, Rezende lecionou na PUC-RJ e passou uma
temporada na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
"Não chegou a ficar nem um ano.
Nessa época ele já tinha a intenção
de ir para Pernambuco", recorda
o físico Rogério Cezar de Cerqueira Leite, professor emérito da
Unicamp e membro do Conselho
Editorial da Folha. Rezende foi
um dos responsáveis por tornar a
UFPE (Universidade Federal de
Pernambuco) um centro de excelência em pesquisas físicas.
O pesquisador manteve o trabalho acadêmico em bom nível
(neste ano, um de seus artigos foi
publicado pela prestigiosa revista
científica "Physical Review Letters"), mas, desde os anos 1980,
tem aumentado sua participação
como gestor de ciência e tecnologia. Ajudou a criar a Fundação de
Amparo à Ciência e Tecnologia de
Pernambuco em 1989, foi secretário de Estado da área de 1995 a
1998 e, desde fevereiro de 2003,
ocupava a presidência da Finep
(Financiadora de Estudos e Projetos, órgão de fomento federal).
"O nome dele vem sendo cogitado para o ministério desde o começo do governo Lula", afirma
Ennio Candotti, da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso
da Ciência), para quem Rezende
"une as virtudes do político e do
cientista". Candotti avalia que o
legado de Eduardo Campos é positivo e que o relacionamento entre o ministério e o Congresso,
por exemplo, melhorou na gestão
dele. A presença do ex-ministro,
que reassume como deputado, na
Câmara, junto com Rezende na
pasta, deve manter essa tendência, diz Candotti.
Texto Anterior: Perfil: Novo ministro deve continuar modelo de Tarso Próximo Texto: Escândalo do "mensalão"/Rumo a 2006: Petista segue popular, aponta pesquisa Índice
|