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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/MALA SUSPEITA
Pressionado, José Nobre Guimarães deixa liderança da bancada petista na Assembléia do Ceará e a Executiva Estadual do partido
Irmão de Genoino vê "armação" contra o PT
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
Acuado pelas suspeitas de envolvimento com seu ex-assessor
José Adalberto Vieira da Silva,
preso em São Paulo na sexta-feira
quando tentava embarcar para o
Ceará com R$ 200 mil em uma
mala e mais US$ 100 mil escondidos na cueca, o deputado estadual
José Nobre Guimarães (PT-CE)
disse ontem em Fortaleza que está
reunindo documentos para provar o destino do dinheiro e que
tem indícios de que tudo possa ter
sido uma "armação" contra o PT.
Guimarães, que é irmão do ex-presidente do PT José Genoino, se
licenciou ontem da liderança da
bancada petista na Assembléia
Legislativa, após pressão dos colegas. Por causa disso, deixou também a Executiva Estadual do PT.
Guimarães não quis dizer que
documentos está reunindo sobre
o dinheiro: disse apenas que seu
destino não era o PT nem ele próprio. "Me considero não só decepcionado [com o Adalberto],
mas traído. Isso tudo é inaceitável. Não podemos pactuar com isso, que um ou dois militantes do
PT pratiquem esse tipo de coisa."
Adalberto foi exonerado do cargo de assessor parlamentar de
Guimarães e teve sua filiação suspensa pela Executiva Estadual do
PT. Em sua investigação, Guimarães disse que, ainda em São Paulo, procurou os advogados do PT,
os advogados de Adalberto, e avisou o Diretório Nacional do PT e
o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) logo que soube da
prisão de seu então assessor.
Guimarães soube da prisão ainda na sexta-feira pela manhã por
meio de seu amigo e colega de
tendência (o Campo Majoritário)
Kennedy Moura, que então ocupava um cargo de assessor especial do BNB (Banco do Nordeste
do Brasil), em Brasília. Anteontem, Moura pediu exoneração do
cargo, após boatos de que teria
envolvimento no caso que culminou com a prisão de Adalberto.
Guimarães disse que chegou a
chamar Moura a São Paulo, onde
os dois se encontraram no domingo pela manhã, para "falar rapidamente do caso".
A entrevista de Guimarães, ontem, foi bastante tumultuada e ele
acabou não explicando os motivos por ter chamado Moura para
uma conversa pessoal em São
Paulo. O deputado não negou sua
proximidade política com o ex-assessor do BNB, mas disse que a
indicação dele para o cargo de
chefe-de-gabinete do banco, sua
primeira nomeação, foi do próprio presidente do BNB, Roberto
Smith, que, por sua vez, teve sua
indicação avalizada por Guimarães. "A indicação foi do Roberto
Smith, mas evidente que eu
apoiei. Não estou negando que tivesse ligação com o Kennedy".
Entre os "indícios" de que tudo
"cheira a armação", Guimarães
afirmou achar muito estranho
que a prisão tenha acontecido justo no dia da reunião do Diretório
Nacional do PT, em que se questionava a manutenção de Genoino no cargo. Para o deputado, porém, só a PF poderá provar se
houve mesmo uma armação: "O
que tenho são indícios", disse.
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