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FORÇAS ARMADAS
País adquire 12 caças Mirage ultrapassados
Brasil comprará da França aviões velhos
IGOR GIELOW
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva verá alguns Tucanos da
Esquadrilha da Fumaça sobrevoando Paris amanhã. Um espetáculo aeronáutico bem menos público, porém, será assinado logo na sexta-feira, encoberto por um véu de mistério
que não cai bem para um negócio de milhões de reais.
Trata-se de um memorando
entre os governos do Brasil e da
França. Objetivo brasileiro:
comprar dos franceses 12 unidades usadas da versão mais
antiga do caça Mirage-2000, a
C/B, por um preço de 60 milhões (cerca de R$ 171 milhões)
só pelas aeronaves e um valor
ainda não determinado por peças, treinamento e armamento.
Há vários problemas envolvendo a compra, um desfecho
lamentável para os quase cinco
anos da novela F-X, nome do
projeto de concorrência internacional para a oferta de um
avião que substitua os caducos
Mirage IIIEBR da Força Aérea
Brasileira, que deixarão de voar
a partir do fim deste ano.
Concebido para ser uma forma de trazer concorrentes que
oferecessem não só aviões, mas
tecnologia ao país, o F-X virou
pó. Houve pressões políticas de
todos os tipos, nos governos
FHC e Lula, mas o projeto acabou morrendo por uma inapetência decisória curiosa para
um governo que desembolsou
quase US$ 60 milhões por um
avião presidencial novo.
Adotando a compra direta,
ainda que ela possa encerrar alguma contrapartida, fica enterrada a possibilidade de um
acordo de transferência tecnológica e abertura de mercados.
Com o abandono do F-X, no
começo do ano, os concorrentes franceses (Dassault com a
Embraer), russos (Sukhoi com
a Avibrás), americanos (Lockheed Martin) e anglo-suecos
(com a Gripen), apresentaram
alternativas para o negócio. A
única aceita para discussão foi
a do governo francês.
Há a questão do preço. Além
dos 60 milhões, devem ser
20 milhões em peças e treino. O
custo das armas pode quase
dobrar o preço inicial, a depender do que for comprado.
No caso da proposta russa,
por exemplo, o Su-27 foi ofertado ao preço de US$ 11 a US$
13 milhões a unidade, contra os
US$ 6 milhões do Mirage-2000C, mas seu preço incluía
logística e dois mísseis, além de
tratar-se de um avião de performance superior.
Além disso, os aviões serão
"adequados" pelos franceses
antes de serem entregues. Ou
seja, todos os sistemas mais
sensíveis do ponto de vista tecnológico devem ser extirpados.
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