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Delúbio é padrinho de sócio da Arcos
DA SUCURSAL DO RIO
O publicitário André Gustavo
Vieira da Silva, um dos sócios da
agência de publicidade Arcos, que
divide a conta do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) com a DPZ,
teve o tesoureiro afastado do PT,
Delúbio Soares, como padrinho
de casamento, em agosto de 2003.
A Arcos, de Pernambuco, ganhou junto com a DPZ a conta
publicitária do BNDES, em março
passado. O orçamento do banco
para publicidade teve um aumento de 266% neste ano, passando
para R$ 30 milhões, contra R$ 8,2
milhões em 2004.
Vieira da Silva disse não considerar Delúbio como seu "amigo"
e afirmou que o convite e a própria festa de casamento fizeram
parte de uma estratégia para dar
visibilidade à Arcos em Brasília,
onde a agência queria consolidar
seu escritório. "Amigo, amigo, ele
não é. Ele é uma pessoa conhecida. Amigo é aquele que freqüenta
sua casa", disse.
A Arcos diz que seu faturamento (o que recebe dos clientes para
desenvolver as campanhas, incluindo a verba para pagar TVs e
outras mídias) ficou estável nos
últimos anos: R$ 18,8 milhões em
2002, R$ 12,95 milhões em 2003 e
R$ 15,9 milhões em 2004.
De janeiro a maio deste ano, a
empresa teve um faturamento de
R$ 6,5 milhões -o valor não considera a verba do BNDES. O
BNDES, segundo a agência, já
destinou R$ 5,4 milhões para a
Arcos desenvolver a campanha de
seu cartão neste ano.
Viera da Silva contou que conheceu Delúbio Soares em 2000,
durante a campanha à Prefeitura
de Recife de João Paulo (PT). O
publicitário disse que participava
de um grupo de discussão com
outros publicitários sobre estratégias de campanha. De acordo
com ele, seu objetivo era "prospectar negócios" e fechar algum
contrato com o PT para o segundo turno, o que não aconteceu.
Depois das eleições de 2000, disse Vieira da Silva, ele se encontrou
com Delúbio casualmente no aeroporto de Brasília, quando almoçaram juntos e falaram dos resultados da campanha em Recife.
Voltou a encontrá-lo em 2002, em
Brasília, quando o procurou para
oferecer seus serviços às campanhas petistas, mas, mais uma vez,
a Arcos não foi contratada.
O publicitário afirmou que a Arcos não havia obtido contas de
governos do PT até a do BNDES.
Sobre o casamento, ele afirmou
que procurou deputados (preferiu não citar nomes), políticos e
empresários que conhecia e fez os
convites para serem padrinhos,
mesmo que, em alguns casos, não
existisse uma relação de amizade.
"Nunca fui beneficiado em nada,
em nenhum contrato", afirmou.
Vieira da Silva disse que conheceu muitos políticos em Brasília
para promover a empresa: "Visitava gabinetes para apresentar a
agência e torná-la conhecida".
Depois do casamento, o publicitário disse que esteve com o ex-tesoureiro neste ano nas comemorações dos 25 anos do PT, em Recife, mas não falaram de negócios.
Segundo Vieira da Silva, o dirigente petista nunca lhe propôs
"negócios suspeitos".
BNDES
A chefe do Departamento de
Comunicação e Cultura do
BNDES, Anna Varella, responsável pelos pagamentos às agências,
afirmou que não conhecia a relação entre o publicitário e Delúbio.
"Soube como todo mundo: pelos
jornais". Ela disse, porém, que
"não há nenhuma restrição legal"
à agência.
(PEDRO SOARES)
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