São Paulo, quarta-feira, 13 de julho de 2005

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Delúbio é padrinho de sócio da Arcos

DA SUCURSAL DO RIO

O publicitário André Gustavo Vieira da Silva, um dos sócios da agência de publicidade Arcos, que divide a conta do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) com a DPZ, teve o tesoureiro afastado do PT, Delúbio Soares, como padrinho de casamento, em agosto de 2003.
A Arcos, de Pernambuco, ganhou junto com a DPZ a conta publicitária do BNDES, em março passado. O orçamento do banco para publicidade teve um aumento de 266% neste ano, passando para R$ 30 milhões, contra R$ 8,2 milhões em 2004.
Vieira da Silva disse não considerar Delúbio como seu "amigo" e afirmou que o convite e a própria festa de casamento fizeram parte de uma estratégia para dar visibilidade à Arcos em Brasília, onde a agência queria consolidar seu escritório. "Amigo, amigo, ele não é. Ele é uma pessoa conhecida. Amigo é aquele que freqüenta sua casa", disse.
A Arcos diz que seu faturamento (o que recebe dos clientes para desenvolver as campanhas, incluindo a verba para pagar TVs e outras mídias) ficou estável nos últimos anos: R$ 18,8 milhões em 2002, R$ 12,95 milhões em 2003 e R$ 15,9 milhões em 2004.
De janeiro a maio deste ano, a empresa teve um faturamento de R$ 6,5 milhões -o valor não considera a verba do BNDES. O BNDES, segundo a agência, já destinou R$ 5,4 milhões para a Arcos desenvolver a campanha de seu cartão neste ano.
Viera da Silva contou que conheceu Delúbio Soares em 2000, durante a campanha à Prefeitura de Recife de João Paulo (PT). O publicitário disse que participava de um grupo de discussão com outros publicitários sobre estratégias de campanha. De acordo com ele, seu objetivo era "prospectar negócios" e fechar algum contrato com o PT para o segundo turno, o que não aconteceu.
Depois das eleições de 2000, disse Vieira da Silva, ele se encontrou com Delúbio casualmente no aeroporto de Brasília, quando almoçaram juntos e falaram dos resultados da campanha em Recife. Voltou a encontrá-lo em 2002, em Brasília, quando o procurou para oferecer seus serviços às campanhas petistas, mas, mais uma vez, a Arcos não foi contratada.
O publicitário afirmou que a Arcos não havia obtido contas de governos do PT até a do BNDES.
Sobre o casamento, ele afirmou que procurou deputados (preferiu não citar nomes), políticos e empresários que conhecia e fez os convites para serem padrinhos, mesmo que, em alguns casos, não existisse uma relação de amizade. "Nunca fui beneficiado em nada, em nenhum contrato", afirmou.
Vieira da Silva disse que conheceu muitos políticos em Brasília para promover a empresa: "Visitava gabinetes para apresentar a agência e torná-la conhecida".
Depois do casamento, o publicitário disse que esteve com o ex-tesoureiro neste ano nas comemorações dos 25 anos do PT, em Recife, mas não falaram de negócios. Segundo Vieira da Silva, o dirigente petista nunca lhe propôs "negócios suspeitos".

BNDES
A chefe do Departamento de Comunicação e Cultura do BNDES, Anna Varella, responsável pelos pagamentos às agências, afirmou que não conhecia a relação entre o publicitário e Delúbio. "Soube como todo mundo: pelos jornais". Ela disse, porém, que "não há nenhuma restrição legal" à agência. (PEDRO SOARES)


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