São Paulo, quarta-feira, 13 de julho de 2005

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Deputado acusa PF de ser arbitrária e afirma que problema não é do PFL

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

Excluído do PFL, o deputado João Batista Ramos (SP), 62, usou ontem a tribuna da Câmara para acusar a Polícia Federal de ser "arbitrária" e afirmar não entender porque o PFL "trouxe para si um problema que não é seu".
O deputado disse que não teve oportunidade de defesa "conforme se tem anunciado", não recebeu nenhum comunicado oficial e que o único contato foi feito pelo vice-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. A direção do PFL afirma que o deputado foi contatado.
"Acato a decisão, mas não a entendo. Respeito, mas não vejo sentido nela. Estou apresentando provas incontestáveis que a ação da Polícia Federal foi arbitrária. Não tenho nada a esconder", disse. Ainda no pronunciamento, afirmou que pretendia esclarecer "o que foi explorado de forma sensacionalista pela imprensa e de forma arbitrária pela PF".
Afirmando ainda não conseguir "chamar o PFL de ex-partido", disse que nunca teve problemas com o partido nem desrespeitou nenhuma orientação da bancada. Também defendeu a Igreja Universal, dizendo que ela foi responsável para que ele "encontrasse um caminho" quando era alcoólatra e pensava em suicídio.
Ele argumentou não ter cometido nenhum crime ao transportar R$ 10,2 milhões em notas, porque o montante era referente a dízimo de fiéis e "não pertence ao cidadão João Batista, nem ao bispo João Batista e, muito menos, ao deputado João Batista".
"Não se tratava de dinheiro ilegal, posto que sua origem e destino eram conhecidos, e que não há lei que proíba ou limite a valor determinado de moeda nacional em território nacional", disse Ramos, que classificou o grande volume de cédulas como "uma doação excepcional devido às comemorações de 28 anos da Universal".
A PF apreendeu o dinheiro alegando que as explicações do deputado sobre a origem do dinheiro eram "insuficientes".
No discurso, o deputado disse ainda que abriu mão do seu tempo que poderia ser destinado ao lazer para prestar um serviço à igreja. "Poderia gastar meu tempo no domingo e na segunda-feira em lazer com minha esposa e meus netos, mas não. Por absoluta fidelidade e convicção de fé, porque acredito no trabalho da Igreja Universal, fiz questão de trazer para mim, na qualidade de presidente da igreja, a responsabilidade de acompanhar o transporte dos recursos arrecadados."


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