São Paulo, quarta-feira, 13 de julho de 2005

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DIPLOMACIA

Resolução para Conselho de Segurança foi feita pelo G4, do qual Brasil faz parte

EUA são contra reforma da ONU

PEDRO DIAS LEITE
DE NOVA YORK

Um dia após o Brasil e seus aliados terem apresentado sua proposta final de reforma do Conselho de Segurança da ONU, os Estados Unidos foram ao plenário das Nações Unidas dizer que são contra a resolução, em um dos mais duros golpes até agora nas pretensões do chamado G4.
Formado por Brasil, Alemanha, Índia e Japão, o G4 planeja votar até o fim deste mês -e talvez nos próximos dias- a resolução que aumenta o número de membros permanentes do Conselho de cinco para 11 e o de não-permanentes de dez para 14.
"Eu apelo a todos os países que considerem com muito cuidado a resolução apresentada a nós e façam a pergunta fundamental: essa resolução ajuda a fortalecer as Nações Unidas?", disse Shirin Tahir-Kheli, assessora da secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, para a reforma da ONU. "Nós acreditamos que não. E encorajamos vocês, portanto, a se opor a essa resolução", completou.
Ela não falou, pelo menos não abertamente, em vetar a resolução, caso o texto venha mesmo a ser aprovado. Até agora, os EUA, principais financiadores da ONU, não tinham se pronunciado abertamente sobre o projeto de reforma do CS. O foco dos norte-americanos tinha sido principalmente em melhorias administrativas das Nações Unidas.
Para que seja aprovada, a resolução apresentada pelo G4 precisa dos votos favoráveis de 128 dos 191 países que integram a Assembléia Geral da ONU. O embaixador do Brasil para as Nações Unidas, Ronaldo Sardenberg, disse em outras ocasiões estar confiante de ter os votos necessários.
A oposição ao projeto, que inclui Paquistão, Argentina, China e Itália, entre outros países, segue firme contra a votação, mesmo depois de o G4 já ter aberto mão do direito de veto para os futuros membros permanentes, ao menos pelos próximos 15 anos.
Em razão dos discursos cada vez mais duros de ambos os lados, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, pediu aos países que "se acalmem". Annan é favorável à reforma do CS, órgão que ficou extremamente desgastado depois de os EUA terem decidido ignorá-lo e lançarem a Guerra do Iraque mesmo sem sua aprovação.
A discussão sobre a reforma se arrasta há 12 anos. Se não for aprovada agora, antes de uma megaconferência dos 60 anos em setembro, dificilmente será num futuro próximo, diz Sardenberg.


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