São Paulo, quarta-feira, 13 de julho de 2005

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

Que escândalo?

- Escândalo? Que escândalo? Lula, do Brasil, cresce em pesquisa.
Era o título da agência Reuters, em despacho reproduzido nos sites dos principais jornais, ontem. Falava da pesquisa CNT/Sensus, que ecoou pelo mundo como por aqui, talvez mais.
O título no site do "Wall Street Journal", para reportagem de sua agência Dow Jones:
- Apoio para o governo e o presidente cresce apesar do escândalo.
E tome o presidente da Confederação Nacional dos Transportes:
- Os brasileiros estão culpando o Congresso e os políticos pelo escândalo, não o presidente.
E tome cientistas políticos e analistas brasileiros em geral, explicando para o mundo, por exemplo, que "o real está forte e a classe média pode viajar ao exterior", daí a popularidade.
Curiosamente, antes mesmo de sair a pesquisa o "El País" publicou ontem reportagem, traduzida no UOL, dizendo que "Lula mantém popularidade", ele que está "blindado" pela economia.
O título em espanhol, que poderia ser traduzido como "Lula agüenta o temporal":
- Lula aguanta el chaparrón.

 

No exterior, Lula "cresce". Já no Brasil a cobertura é mais contida ao tratar da pesquisa. Na Band News, por exemplo:
- Denúncia não afeta avaliação do governo.
As rádios CBN e Jovem Pan e os sites Folha Online e Globo Online recorreram a enunciados semelhantes, quase sempre com a expressão "não afeta".
 

Sempre atrasado, o site do "Le Monde" deixou escapar a nova pesquisa ao tratar ontem da visita de Lula, "fragilizado politicamente pelos escândalos que atingem seu partido".
Mas estava lá, como sempre -os escândalos atingem o PT, não o próprio.
 

Os blogs brasileiros não trataram de outra coisa, ontem, descrevendo Lula como "teflon", expressão usada desde Ronald Reagan, e ironizando FHC e outros. Do Blog do Noblat:
- Analistas, parlamentares, jornalistas e toda sorte de gente metida a entender as coisas estão boquiabertos com os resultados. Lula continua sendo, disparado, o queridinho dos brasileiros. Nada parece atingi-lo.
De Pedro Dória, no Nomínimo Weblog, ao destacar a taxa de rejeição de Lula, sempre inferior à dos presidenciáveis do PSDB:
- As viúvas do tucanato hão de estar ganindo.
Do blog tucano E-Agora, próximo de FHC, a um passo do desespero:
- A mistificação e a fraude que levaram Lula à Presidência da República, seu despreparo para a função, sua falta de firmeza para decidir, sua indigência para administrar qualquer coisa que não seja a própria imagem, enfim, sua inaptidão para chefiar o Estado não conseguem se tornar visíveis para a maioria.

A PREVISÃO DO TEMPO
Apresentada pela própria pesquisa, segundo a Folha Online, como maior responsável pela avaliação favorável de Lula, a economia também anima a cobertura financeira no exterior.
O "Financial Times" publicou análise intitulada "A maior crise política em anos -e eles chamam de estabilidade". No caso, "eles" é a Fitch Ratings, que divulgou anteontem um relatório sobre o Brasil com a expressão "previsão: estável". A análise do "FT" abordou a economia ponto a ponto e concluiu que uma explicação é que "o Brasil pôs sua casa fiscal em ordem".
Os sites do "WSJ", Bloomberg e da revista "Forbes", também ontem, entraram com análises semelhantes, baseadas em avaliação semelhante divulgada ontem pela Standard & Poors Ratings, concorrente da Fitch.

O PAÍS DAS MALAS
BBC News/Reprodução

O pefelista das sete malas foi "expulso" pelo partido, anunciou a escalada do "JN", depois de dois dias de cobertura do "dizimão", em que não faltaram críticas de Franklin Martins e Alexandre Garcia.
Além das Globos, o episódio envolvendo o ex-presidente da Record ecoou pelas versões impressas de "New York Times" e "El País" e pelos sites de "Guardian" e "Washington Post", sem falar da BBC, sempre descrito com ironias como "cheio de dinheiro".

Repercute
O "JN" abraçou seu novo ramo no escândalo quase sozinho. Da escalada, ontem:
- Novas gravações do suposto pagamento de mensalidade das indústrias ao PT. Denúncia repercute em Brasília, parlamentares querem explicações do ex-ministro José Dirceu.

Negativa
E continua a transmissão ao vivo da CPI dos Correios, por horas sem fim, de manhã à noite nos dois canais de notícias, da Globo e da Band.
Ontem, com os depoimentos de ex-diretores da estatal, o verbo mais ouvido depois, nos telejornais, foi "negou".


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