São Paulo, quinta-feira, 13 de julho de 2006

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PAINEL

Vera Magalhães(interina) @ - painel@uol.com.br

Fogo cruzado

Enquanto Lula leva a crise na segurança em São Paulo para o palanque, sua campanha enfrenta problemas na formulação do plano de governo nessa área. Os responsáveis pelo texto de 2002 são hoje críticos ferozes da atuação do governo. Acabaram escanteados. O PT foi buscar um substituto na academia. Será o sociólogo gaúcho José Vicente Tavares.
Mas sua equipe ainda nem foi formada. Há quatro anos, o programa de segurança foi um dos primeiros a ser divulgados. Agora, deve ficar para o final da fila.
"Estamos vivendo uma farsa de um governo que finge que segurança é prioridade", diz Roberto Aguiar, ex-secretário de Segurança Pública em governos petistas no Rio e no DF e co-autor do plano de 2002.

Azedou. Acabou a lua-de-mel entre Cláudio Lembo e Lula. O governador se queixou a aliados do tom do presidente ao se referir à crise de segurança. Disse que ele "se aproveita" da situação para desgastar Geraldo Alckmin.

Fumaça. À procura de vinculações entre a volta dos ataques em São Paulo e a campanha eleitoral, o governo do Estado classificou como "estranho" o atentado à sede do sindicato da construção civil, ligado à Força Sindical.

Nas costas 1. A CPI do Tráfico de Armas investiga um esquema pelo qual armas, celulares e drogas entram em presídios controlados pelo PCC dentro de bolas de futebol produzidas pelos presos.

Nas costas 2. As bolas saem dos presídios para serem vendidas, mas retornam por apresentarem "problemas" de acabamento. A informação foi dada por advogados da facção criminosa.

Quentinha. O PT imprimiu 50 mil cópias do discurso de Lula na convenção do PT. Algumas serão entregues no jantar em São Bernardo, hoje. A idéia era distribuir o plano de governo, que atrasou.

Fórmula. A demora na divulgação da agenda de Lula pós-jantar se deve à exigências do PT nacional para que o presidente não corra riscos de falta de público e problema de logística. "Tem de ser científico ", afirma o presidente do partido, Ricardo Berzoini.

Empurrão. O governo Lula acaba de colocar água no moinho de Alckmin. O Ministério da Saúde concedeu nesta semana a três hospitais estaduais paulistas, inaugurados na gestão do tucano, título que os coloca como os melhores públicos do país.

Na TV. Os hospitais de Pirajussara, Diadema e Sumaré são os únicos públicos a ter a "acreditação" do ministério. Receberão placa e diploma ainda neste mês. A equipe de Alckmin vai gravar nos hospitais para a propaganda de TV.

Subchefe. Donisete Fernandes dos Santos, ex-secretário de Administração de Diadema, será o braço direito de José de Filippi na tesouraria de Lula. Em 2004, fez uma das maiores doações individuais para a campanha do prefeito: R$ 4.600.

Amarras. Depois da pressão pelo fim da reeleição, Alckmin tem nova saia justa: Michel Temer (PMDB) sugeriu ao tucano a extinção das medidas provisórias. "Sem poder se reeleger nem editar MPs, é melhor não ser eleito", reclama um aliado.

Mãozinha. A cúpula do PFL discutiu ontem com Alckmin formas de ampliar o apoio ao tucano no PMDB. No Rio Grande do Sul a ordem será que o PSDB, que lançou Yeda Crusius, poupe Germano Rigotto -que está "neutro", mas pode aderir ao tucano.

Trégua. O candidato do PMDB ao governo do Rio, Sergio Cabral, pediu uma conversa com Lula. Quer propor um acordo: não bate no presidente, desde que ele modere o apoio a Marcelo Crivella (PRB). Anthony Garotinho tenta dissuadir Cabral.

Tiroteio

O governo de São Paulo tem de deixar no armário o salto alto e o governo federal precisa tirar da gaveta o plano nacional de segurança. Só assim poderão trabalhar juntos.


De LUIZ EDUARDO SOARES , ex-secretário nacional de Segurança Pública no governo Lula, sobre a troca de acusações entre PT e PSDB a respeito do papel de cada um na crise de segurança em São Paulo.

Contraponto

Fumaça branca

Logo após o alemão Joseph Ratzinger ser eleito papa e adotar o nome de Bento 16, em abril do ano passado, o vereador paulistano Agnaldo Timóteo (PP) saiu atrás de assinaturas de outros parlamentares para aprovar uma moção da Câmara em homenagem ao líder religioso.
Ao receber o texto do cumprimento, um colega brincou:
-Agnaldo, você virou vidente?
O vereador perguntou o motivo da piada, sem entender.
O colega, então, apontou um trecho do texto que parabenizava Bento 16 "pela expressiva votação no conclave". -Só sendo vidente você poderia saber que a votação, que é secreta, foi expressiva -, arrematou o parlamentar.


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