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ELEIÇÕES 2006 / CRISE NA SEGURANÇA
Bornhausen diz que desconfia de elo entre PT e PCC
Para o presidente do PFL, o partido pode estar manipulando as ações da facção criminosa contra as forças de segurança em SP
Articulador da candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) à Presidência, pefelista afirma que o PT vive no submundo e que nada mais o espanta
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
O presidente nacional do
PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), lançou ontem a suspeita de envolvimento do PT
nas ações comandadas pelo
PCC contra policiais civis, prédios e veículos em São Paulo.
"O PT pode estar manuseando,
manipulando essas ações."
Ainda segundo o senador, um
dos principais articuladores da
candidatura do tucano Geraldo
Alckmin à Presidência, "o PT
vive no submundo e nada mais
me espanta nesse partido".
E continuou: "O PT vive no
submundo de Santo André [onde o prefeito petista Celso Daniel foi assassinado], vive no
submundo do mensalão [acusação de pagamento de votos
no Congresso] e vive no submundo do MSLT [o movimento de sem-terra que invadiu e
depredou o Congresso e cujos
líderes estão sendo denunciados]. Então, tudo é possível, nada seria surpresa".
Só depois das declarações tão
contundentes o presidente do
PFL fez ressalvas. "Não estou
acusando, mas mantenho minhas desconfianças", disse primeiro. "São dúvidas, não afirmativas", acrescentou em seguida. Ele já foi o centro de uma
polêmica nacional, ao dizer que
queria se ver livre "dessa raça",
referindo-se ao PT.
Como comparou, os ataques
do PCC recrudesceram justamente na terça-feira, mesmo
dia em que uma pesquisa CNT-Sensus foi divulgada, confirmando a subida de intenções de
votos de Alckmin. O tucano
passou para 27,2%, ante 44,1%
do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, do PT.
Procurados, o presidente do
PT, Ricardo Berzoini, e o líder
partido na Câmara, Henrique
Fontana (PT-RS), não foram
localidados ontem.
Bornhausen é do mesmo partido do governador do Estado
de São Paulo, Cláudio Lembo,
mas disse que não tinha conversado com ele até ontem à
tarde a respeito da nova onda
de atentados, muito menos sobre efeitos políticos.
Apesar das acusações mútuas entre as campanhas e entre os governos estadual e federal, Lembo e o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos,
articulavam um encontro, possivelmente hoje, em São Paulo.
O ministro quer discutir com
o governador a situação da segurança em São Paulo, além de
lhe entregar um sofisticado
equipamento de inteligência
para interceptar as conversas
dos chefes do PCC.
Maranhão
Bornhausen vai acompanhar
o tucano Alckmin em visita ao
Maranhão, no próximo dia 25,
onde será recebido pela senadora pefelista Roseana Sarney
(MA), que apóia extra-oficialmente a reeleição de Lula.
Pressionada por Bornhausen, numa conversa anteontem, no Congresso, Roseana
decidiu que não irá ao aeroporto recepcionar Alckmin, mas
patrocinará uma reunião dele
com a cúpula pefelista na sua
casa, a portas fechadas.
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