São Paulo, sexta-feira, 13 de agosto de 2004

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BICO AFIADO

Tucano discute e aponta dedo para petistas durante sessão no Senado

Tasso vê uso de "técnica fascista"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Senadores da oposição acusaram o governo de escalada autoritária devido a propostas como a criação do Conselho Federal de Jornalismo, o acesso direto de órgãos federais a sigilos fiscais sob a guarda da Receita, e ao decreto que impede servidores de darem informações à imprensa. O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) disse que os petistas estão usando "técnicas fascistas".
Os senadores também cobraram um comportamento ético do governo, insuflados por um discurso do senador Aloizio Mercadante (PT-SP), que acusou a oposição de prejudicar o país ao não votar o projeto das PPPs (Parcerias Público-Privadas), que tem o objetivo de atrair investimentos para obras de infra-estrutura.
"Isso é uma técnica fascista, ficar repetindo um discurso até ele parecer verdade. Não argumentam quanto ao principal, à essência", rebateu Tasso, um dos críticos do projeto.
Para a oposição, o texto da PPP facilita a corrupção por ser subjetivo nos critérios de escolha das empreiteiras que realizariam as obras. O projeto desrespeitaria a Lei de Licitações e a Lei de Responsabilidade Fiscal.
"Do jeito que está é roubalheira, é para o Delúbio [Soares, tesoureiro do PT] deitar e rolar", disse Tasso, em um rompante, com o dedo em riste para o senador Tião Viana (PT-AC).
Procurado pela Folha, Delúbio não foi localizado até o fechamento desta edição.
O ministro Guido Mantega (Planejamento) acusou a oposição ao governo de "criar um bloqueio político" às PPPs. Segundo Mantega, as resistências ao projeto já não são técnicas, como afirma Tasso. "Estamos dispostos a negociar, a reforçar determinados artigos e a eliminar preocupações", disse.
Tasso, que também partiu com dedo em riste na direção de Mercadante e teve que ser contido por Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), disse que "o PT se comporta como se quem está contra ele está contra o país".
Em discurso no plenário, Tasso sustentou as acusações de fascismo contra o governo. "Veja a seqüência: impor censura aos jornalistas, criação da Ancinav, regulamentar a quebra de sigilo fiscal, impedir que funcionários públicos falem com a imprensa, e agora dois deputados do PT dizem que estão usando a CPI [do Banestado] para retaliar a oposição", afirmou.
"Percebe-se nos meios jornalísticos, políticos e culturais a preocupação com o ranço autoritário de setores desse governo. Os sinais são vários e evidentes: a Ancinav tentando regular as atividades culturais, o envio do projeto de criação do Conselho Federal de Jornalismo, que é uma tentativa mal disfarçada de cercear a liberdade de imprensa", disse o líder do PDT, senador Jefferson Péres (AM).


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