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Mentor desafia oposição a indicar nome a ser excluído de apuração
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em meio a tentativas frustradas
dos líderes no Senado de fechar
um acordo sobre a mudança de
procedimentos da CPI do Banestado, o relator da comissão, deputado José Mentor (PT-SP), fez ontem uma série de acusações contra o presidente, senador Antero
Paes de Barros (PSDB-MT), e desafiou a oposição a apontar nomes que devem ser excluídos da
quebra de sigilo.
Mentor disse ainda haver "investigação paralela" na CPI. "A
oposição ou os que acham que o
relator propôs ou deu parecer favorável a muitas quebras que indique quais nomes devem ser retirados. Me digam o que não deve
ser investigado [sic]", disse o relator da CPI, em entrevista que durou cerca de duas horas.
Paes de Barros rebateu, afirmando compreender o desespero
do relator porque "ficou claro a
inconseqüência ao requisitar o sigilo de pessoas honestas".
"Ele partiu da idéia de que, no
Brasil, quem usou contas CC5 não
é honesto. É uma inversão dos papéis na fiscalização", disse o presidente da comissão.
Mentor confirmou ontem a requisição da quebra de sigilo de 95
banqueiros e executivos ligados
ao sistema financeiro, usando como argumento o fato de eles terem remetido dinheiro ao exterior por meio de contas CC5. Disse ter requerido ou opinado em
1.200 pedidos no total.
Entre as acusações feitas por
Mentor contra Paes de Barros estão a de modificar requerimento
aprovado pela comissão para retirar o nome de três empresas, solicitar a quebra de sigilo de 200
CPFs sem os respectivos nomes e
não repassar documentos à secretaria da comissão.
"Há uma investigação paralela
na CPI. Não estou procurando tucanos, procuro ilícitos. O problema não é a quebra de sigilo, mas
sim vazar", disse Mentor, ao rebater acusações de politização.
Para Paes de Barros, a quebra de
sigilo dos 200 CPFs foi "uma das
primeiras vitórias" da comissão.
"São CPFs de laranjas, inexistentes e irregulares. Eles movimentaram mais de US$ 3 bilhões. Deixei
de colocar os nomes para não vitimar as pessoas", disse.
Sobre a retirada das três empresas de documento, Paes de Barros
disse ser uma "autocrítica" de
Mentor porque é a assessoria do
relator a responsável por preparar
os ofícios. "Lamento que o deputado Mentor não pare de esculhambar em vez de se preocupar
com os destinos da CPI", disse.
Obstruções
O relator acusa ainda Paes de
Barros de protelar a comissão por
meio de obstruções e cancelamentos das sessões. Segundo
Mentor, no primeiro semestre
deste ano, de 21 sessões, quatro
foram derrubadas e sete canceladas. O presidente nega.
Durante a entrevista concedida
na Câmara, Mentor disse que já
havia relatado aos integrantes da
CPI, inclusive a Paes de Barros,
todas as acusações.
Usou os argumentos de líderes
governistas para dizer que há motivação política no vazamentos de
informações sobre a quebra de sigilos de executivos do mercado financeiro, inclusive diretores do
Banco Central. "O governo Lula
vem tendo sucesso, especialmente no aspecto econômico."
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