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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ LULA NA MIRA
Tarso Genro cobra novas manifestações do presidente Lula sobre a crise e afirma que eventual pedido de impeachment seria um erro
Para Tarso, pronunciamento é "insuficiente"
LUCIANA BRAFMAN
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente nacional do PT,
Tarso Genro, disse ontem que o
pronunciamento do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva foi "insuficiente". Ele destacou como positivo o fato de o presidente ter pedido desculpas à população e disse que Lula "foi enganado por
pessoas que lhe acompanharam
por certa parte de sua vida". Tarso
afirmou também que a oposição
poderia tentar promover o impeachment do presidente, mas
que a medida seria um erro.
"Acho que o presidente fez um
primeiro pronunciamento à nação. Na minha opinião ele deverá
fazer uma série. Se fosse esse [pronunciamento] exclusivamente,
eu diria que é insuficiente", disse
Tarso, para quem, em outras
oportunidades, Lula apresentará
ações do governo no sentido de
"debelar a crise".
De acordo com Tarso, o pronunciamento foi apenas um ponto de partida, "que inicia um diálogo social e político", e que o presidente Lula ainda deve apresentar à sociedade as medidas que
darão sustentação às declarações
feitas ontem.
Antes do pronunciamento, Tarso comentara que sua expectativa
era de que Lula fizesse um "pronunciamento de estadista", apontando a "responsabilidade de pessoas que o cercavam, que tinham
relações próximas com ele".
Sobre a acusação do presidente
do PL, Valdemar Costa Neto, publicada pela revista "Época", de
que Lula tinha conhecimento de
irregularidades cometidas, Tarso afirmou
que confia na palavra do presidente. "É questão de avaliação das
duas personalidades políticas."
A respeito da possibilidade do
impeachment de Lula, Tarso disse
não acreditar que se concretize,
porque o interesse maior da oposição seria o de enfraquecer o PT,
não o de interromper o mandato
presidencial. "Do ponto de vista
do grau da crise politica, a oposição, formalmente, poderia tentar
o impeachment do Lula, mas seria um erro político."
Pesquisa
Tarso citou a pesquisa do Datafolha, publicada ontem pela Folha, para sustentar que "a população não acredita no envolvimento
do presidente", uma das razões
por que o impeachment seria um
erro. "Poderia ser interpretado
como uma ruptura forçada de um
mandato legítimo."
De acordo com ele, não há prova ou indício de que o presidente
tenha "compartilhado dessa rede
de financiamento paralelo" e que
a tentativa de impeachment geraria mais desgaste e instabilidade.
Tarso disse acreditar que não há
fundamentação política, jurídica
ou moral para o impeachment,
mas que é um direito democrático da oposição. Ele não quis comentar as chances de reeleição de
Lula no ano que vem, justificando
que seria "incômodo" falar do tema neste momento.
As declarações foram dadas ontem pela manhã no Rio, onde esteve reunido na sede do partido
com integrantes da direção regional para debater os rumos do PT.
Na reunião, foi reforçada a idéia
de um movimento de reconstrução, de "refundação", do PT. Os
dirigentes defendem que os desvios graves de conduta precisam
ser punidos, mas sem que isso sirva como pretexto para a destruição do "projeto do partido". Além
disso, o PT tem como objetivo defender o mandato presidencial.
Uma preocupação manifestada
por Tarso foi quanto à permanência dos militantes no partido.
"Não podemos sair na primeira
adversidade. O projeto do PT é
forte", afirmou.
Segundo ele, não é hora de petistas renunciarem a seus mandatos. Quem o fizer, avisou, "não
merecerá legenda do partido" em
eleições futuras. Tarso afirmou
que a reunião foi bastante simbólica no movimento de reconstrução proposto, porque o Rio já foi
palco, em outras ocasiões, de "intervenções arbitrárias" da direção
do PT, que "ajudaram a fragmentar o partido".
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