São Paulo, sábado, 13 de agosto de 2005

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CAIXA 2

PT gaúcho diz ter pago dívidas de campanha

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O PT gaúcho utilizou o valor de R$ 1,050 milhão pego com a empresa SMPB, do empresário Marcos Valério de Souza, para pagamento de dívidas a fornecedores do partido.
A afirmação foi feita ontem pelo seu presidente, David Stival, em depoimento à Polícia Federal, no qual não especificou a qual campanha se referia.
Em 2002, o candidato do PT ao governo do Rio Grande do Sul foi o atual presidente nacional do partido, Tarso Genro. Em 2000, Tarso foi também candidato a prefeito de Porto Alegre, candidatura que coube ao deputado estadual Raul Pont em 2004.
De acordo com o delegado Luiz Nestor Contreira, na semana que vem outras pessoas serão ouvidas. Não quis, porém, adiantar quem são elas. ""Nós começamos [as investigações] a partir da campanha de 2002, mas isso não quer dizer que não se amplie ou retorne ou venha para 2004", disse o delegado.
O responsável pela retirada da maior parte do dinheiro em Belo Horizonte para o PT gaúcho foi o engenheiro civil Marcos Trindade, 44. Ele contou ontem que viajou quatro vezes à capital mineira para pegar um total de R$ 900 mil e, em três delas, voltou, com dinheiro vivo, de ônibus.
Militante do PC do B até 2000 -quando se filiou ao PT-, Trindade, que se diz "militante de esquerda e comunista sempre", afirmou ter aceito buscar o dinheiro por encarar isso como "uma tarefa" de "um homem de esquerda".
Trindade já trabalhou como diretor da Secretaria de Obras Públicas no governo do petista Olívio Dutra (1999 a 2002) e foi chefe do serviço de engenharia e saúde pública e coordenador substituto da Funasa (Fundação Nacional da Saúde) -órgão público federal- até julho de 2005. Sua exoneração foi publicada apenas anteontem, no "Diário Oficial".
Na única vez em que foi de avião a Belo Horizonte, ele acompanhou Paulo Bassotto, no dia 16 de junho de 2003. Na ocasião, Bassotto foi detido pela PF com R$ 150 mil -dinheiro não contabilizado pelo PT no valor de R$ 1,050 milhão. Trindade diz que o viu ser detido, mas seguiu viagem.
"Informaram-me que eram recursos do diretório nacional disponibilizados em Belo Horizonte. Nunca imaginei nenhuma ilegitimidade", disse ele, que afirmou, também, desconhecer na época quem era Marcos Valério.


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