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CAIXA 2
PT gaúcho diz ter pago dívidas de campanha
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
O PT gaúcho utilizou o valor de
R$ 1,050 milhão pego com a empresa SMPB, do empresário Marcos Valério de Souza, para pagamento de dívidas a fornecedores
do partido.
A afirmação foi feita ontem pelo
seu presidente, David Stival, em
depoimento à Polícia Federal, no
qual não especificou a qual campanha se referia.
Em 2002, o candidato do PT ao
governo do Rio Grande do Sul foi
o atual presidente nacional do
partido, Tarso Genro. Em 2000,
Tarso foi também candidato a
prefeito de Porto Alegre, candidatura que coube ao deputado estadual Raul Pont em 2004.
De acordo com o delegado Luiz
Nestor Contreira, na semana que
vem outras pessoas serão ouvidas. Não quis, porém, adiantar
quem são elas. ""Nós começamos
[as investigações] a partir da campanha de 2002, mas isso não quer
dizer que não se amplie ou retorne ou venha para 2004", disse o
delegado.
O responsável pela retirada da
maior parte do dinheiro em Belo
Horizonte para o PT gaúcho foi o
engenheiro civil Marcos Trindade, 44. Ele contou ontem que viajou quatro vezes à capital mineira
para pegar um total de R$ 900 mil
e, em três delas, voltou, com dinheiro vivo, de ônibus.
Militante do PC do B até 2000
-quando se filiou ao PT-, Trindade, que se diz "militante de esquerda e comunista sempre",
afirmou ter aceito buscar o dinheiro por encarar isso como
"uma tarefa" de "um homem de
esquerda".
Trindade já trabalhou como diretor da Secretaria de Obras Públicas no governo do petista Olívio Dutra (1999 a 2002) e foi chefe
do serviço de engenharia e saúde
pública e coordenador substituto
da Funasa (Fundação Nacional da
Saúde) -órgão público federal- até julho de 2005. Sua exoneração foi publicada apenas anteontem, no "Diário Oficial".
Na única vez em que foi de avião
a Belo Horizonte, ele acompanhou Paulo Bassotto, no dia 16 de
junho de 2003. Na ocasião, Bassotto foi detido pela PF com R$
150 mil -dinheiro não contabilizado pelo PT no valor de R$ 1,050
milhão. Trindade diz que o viu ser
detido, mas seguiu viagem.
"Informaram-me que eram recursos do diretório nacional disponibilizados em Belo Horizonte.
Nunca imaginei nenhuma ilegitimidade", disse ele, que afirmou,
também, desconhecer na época
quem era Marcos Valério.
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