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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Lula diz que não irá a debates na TV e critica Congresso
Presidente afirma que foi "massacrado" na crise e que reforma política não sai porque parlamentares atuam em causa própria
Para petista, deputados e senadores usam imunidade que têm para "achincalhar" a imagem do presidente e encobrir "safadezas"
DA ENVIADA ESPECIAL A SALVADOR
DA AGÊNCIA FOLHA
O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva criticou ontem
o Congresso e disse que não
participará de debates com
os demais candidatos à Presidência da República.
Em evento com prefeitos na
capital baiana, Lula acusou
congressistas de usarem a imunidade para "achincalhar" a sua
imagem e encobrir "safadezas".
O petista reafirmou ainda duvidar que o Legislativo promova
uma reforma política, já que
deputados e senadores trabalhariam em causa própria.
"A coisa é tão absurda que
um deputado ou senador pode
achincalhar o presidente da República, como vocês sabem que
eu fui achincalhado, mas não
pode abrir processo porque
eles têm imunidade. Imunidade é para proteger a classe política do arbítrio, não da safadeza", disse Lula. Participavam do
evento, na platéia, 42 prefeitos
de 15 partidos.
Em Maceió, o candidato do
PSDB à Presidência, Geraldo
Alckmin, reagiu às declarações:
"Sou favorável à imunidade
parlamentar porque, no exercício do mandato, o parlamentar
precisa ter os instrumentos para poder exercer o seu papel. Na
realidade, é um equívoco o presidente não levar a sério a questão ética".
Mais tarde, em discurso para
cerca de 3.500 pessoas na praça
Castro Alves, Lula disse ter sido
"massacrado" na crise política.
Sem citar nomes, ele criticou o
deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), que
ameaçou dar-lhe uma "surra"
em 2005, durante as investigações do mensalão.
"Fui ofendido no microfone
do Congresso, vocês sabem por
quem. Fui ofendido por um deputadozinho desse Estado e
não respondi."
E prosseguiu: "Não respondi
porque um presidente da República tem de se portar diante
de seu povo como um pai diante da família. Não pode ficar
nervoso".
Ao se referir à oposição, afirmou: "Se eles quiserem me derrotar, vão perceber que uma
coisa é derrotar um presidente
encastelado lá em Brasília. Outra coisa é derrotar um presidente no meio do povo brasileiro". Tratando da crise política,
completou: "Está certo que alguns companheiros [do PT] erraram. E quem errou tem que
pagar, porque a Justiça tem que
ser para todos. Mas eles [oposição] massacraram, apertaram o
torniquete. E doía."
Para o presidente, a população não pode ser usada como
"massa de manobra". "Ninguém mais ouse duvidar da
consciência política do povo.
Ninguém mais ouse usar o povo
como massa de manobra."
Debates
O primeiro debate a que Lula
não irá será amanhã, na TV
Bandeirantes. Ao justificar sua
decisão, argumentou que precisa preservar "a instituição Presidência da República".
Em 1998, Lula e o PT criticaram o então presidente Fernando Henrique Cardoso
(PSDB), que concorria à reeleição, por sua decisão de não participar de debates.
Ao chegar na madrugada de
ontem a Salvador, o presidente
classificou de "muito bom" o
resultado da entrevista que
concedeu na quinta-feira ao
"Jornal Nacional". "Bem ele
não foi. Médio, regular", avaliou o chefe-de-gabinete da
Presidência, Gilberto Carvalho.
(LUCIANA CONSTANTINO, LUIZ FRANCISCO E ROSA FERRO)
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