São Paulo, domingo, 13 de agosto de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Lula diz que não irá a debates na TV e critica Congresso

Presidente afirma que foi "massacrado" na crise e que reforma política não sai porque parlamentares atuam em causa própria

Para petista, deputados e senadores usam imunidade que têm para "achincalhar" a imagem do presidente e encobrir "safadezas"

DA ENVIADA ESPECIAL A SALVADOR
DA AGÊNCIA FOLHA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou ontem o Congresso e disse que não participará de debates com os demais candidatos à Presidência da República.
Em evento com prefeitos na capital baiana, Lula acusou congressistas de usarem a imunidade para "achincalhar" a sua imagem e encobrir "safadezas". O petista reafirmou ainda duvidar que o Legislativo promova uma reforma política, já que deputados e senadores trabalhariam em causa própria.
"A coisa é tão absurda que um deputado ou senador pode achincalhar o presidente da República, como vocês sabem que eu fui achincalhado, mas não pode abrir processo porque eles têm imunidade. Imunidade é para proteger a classe política do arbítrio, não da safadeza", disse Lula. Participavam do evento, na platéia, 42 prefeitos de 15 partidos.
Em Maceió, o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, reagiu às declarações: "Sou favorável à imunidade parlamentar porque, no exercício do mandato, o parlamentar precisa ter os instrumentos para poder exercer o seu papel. Na realidade, é um equívoco o presidente não levar a sério a questão ética".
Mais tarde, em discurso para cerca de 3.500 pessoas na praça Castro Alves, Lula disse ter sido "massacrado" na crise política. Sem citar nomes, ele criticou o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), que ameaçou dar-lhe uma "surra" em 2005, durante as investigações do mensalão.
"Fui ofendido no microfone do Congresso, vocês sabem por quem. Fui ofendido por um deputadozinho desse Estado e não respondi."
E prosseguiu: "Não respondi porque um presidente da República tem de se portar diante de seu povo como um pai diante da família. Não pode ficar nervoso".
Ao se referir à oposição, afirmou: "Se eles quiserem me derrotar, vão perceber que uma coisa é derrotar um presidente encastelado lá em Brasília. Outra coisa é derrotar um presidente no meio do povo brasileiro". Tratando da crise política, completou: "Está certo que alguns companheiros [do PT] erraram. E quem errou tem que pagar, porque a Justiça tem que ser para todos. Mas eles [oposição] massacraram, apertaram o torniquete. E doía."
Para o presidente, a população não pode ser usada como "massa de manobra". "Ninguém mais ouse duvidar da consciência política do povo. Ninguém mais ouse usar o povo como massa de manobra."

Debates
O primeiro debate a que Lula não irá será amanhã, na TV Bandeirantes. Ao justificar sua decisão, argumentou que precisa preservar "a instituição Presidência da República".
Em 1998, Lula e o PT criticaram o então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que concorria à reeleição, por sua decisão de não participar de debates.
Ao chegar na madrugada de ontem a Salvador, o presidente classificou de "muito bom" o resultado da entrevista que concedeu na quinta-feira ao "Jornal Nacional". "Bem ele não foi. Médio, regular", avaliou o chefe-de-gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho.
(LUCIANA CONSTANTINO, LUIZ FRANCISCO E ROSA FERRO)

Texto Anterior: O empreendedor que apostou no pluralismo e criou a Folha moderna
Próximo Texto: Heloísa tentará mostrar que é candidata viável
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.