São Paulo, quinta-feira, 13 de agosto de 2009

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

À espera de Lina

O governo pretende usar o tempo de que dispõe, até terça-feira, para tentar, no dizer de um ministro, "reverter" o depoimento de Lina Maria Vieira à CCJ do Senado. Mas a oposição se preveniu: a sessão de ontem foi suspensa, e não encerrada, pelo presidente da comissão, Demóstenes Torres (DEM-GO). Isso significa que o quorum de terça estará garantido ainda que o governo tente esvaziar a audiência com a ex-secretária da Receita, que afirma ter recebido de Dilma Rousseff pedido para apressar investigação sobre empresas da família Sarney. Resta a tática de tentar desqualificar Lina. Ontem, o líder do governo, Romero Jucá, dizia que a audiência servirá para saber a "real razão" de sua saída do cargo. A oposição usará como escudo seus 30 anos de serviço público.

Mudos. A governadora Wilma Faria (PMDB-RN) e o senador Garibaldi Alves (PMDB-RN) até agora não disseram palavra em defesa da ex da Receita Federal, que foi secretária da Fazenda de ambos, sempre elogiada.

Submundo. Enquanto o Conselho de Ética vai arquivando tudo, o PMDB continua a coletar informações contra adversários de Sarney, caso o acordão não vingue. Nessa frente opera o ex-senador Gilberto Miranda, que alega ter munição contra o tucano Sérgio Guerra e o petista Aloizio Mercadante, da época da CPI do Orçamento.

Breu. O sinal da MTV no Amapá, domicílio eleitoral de Sarney, caiu anteontem durante a transmissão do Debate MTV, cujo teve foi a crise no Senado. A retransmissora, que pertence a um irmão do senador sarneysista Gilvam Borges, alegou queda de energia. Já a Companhia de Eletricidade do Amapá diz que não houve corte de luz na região.

Bigodes. Parecia mais um discurso de Sarney, mas ontem quem estava sentado na Mesa Diretora do Senado prometendo lutar e resistir era o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya.

Chancela. Entre os atos secretos que a Mesa poderá validar hoje está o que deu ao braço direito de Sarney, Osvaldino Brito, cargo efetivo de secretário parlamentar. O caso é único. Dezenas de não concursados já tentaram o mesmo na Justiça, sem sucesso.

Crônico 1. A lista de ressalvas às contas de 2008 do Senado, contida no novo relatório de gestão, também aponta irregularidades cometidas na gestão Sarney (2009). O documento de 243 páginas está no TCU, que dará parecer final.

Crônico 2. Foram analisados 679 casos de acúmulo de cargos, problemas "graves" na folha de pagamento e estouro do limite anual de gastos com suprimento de fundos.

Fiadora. O novo foco de interesse do Ministério Público Federal no Rio Grande do Sul é o empréstimo de R$ 90 mil da assessora Walna Vilarins à governadora Yeda Crusius. A transação consta da declaração de IR de Vilarins, apontada pelos procuradores como suposta operadora de caixa-dois da campanha tucana.

Troco. Aliados de Yeda usaram reunião da Executiva Nacional tucana para reclamar da falta de apoio à governadora. Uma das próximas ações do PSDB gaúcho será procurar alguém que encampe pedido de afastamento do vice, Paulo Feijó (DEM), inimigo de Yeda, por suposta irregularidade em suas empresas.

Conforto. Mantida a greve na TV Cultura, o Sindicato dos Radialistas definiu que as assembleias continuarão a ser realizadas às 12h e às 16h, para que os participantes possam contornar o rodízio paulistano de veículos, classificado como "mais um atentado contra os trabalhadores".

Portão. Na tarde de ontem, a Justiça concedeu liminar garantindo o acesso à sede da Cultura, que vinha sido bloqueado por piquetes. Grevistas chegaram a riscar carros na frente da emissora.

Tiroteio

"Estou ansioso para ver o Ministério Público Federal, no governo Lula, investigar as denúncias de Lina Vieira com o mesmo rigor demonstrado contra mim e Everardo Maciel."


De EDUARDO JORGE CALDAS sobre a investigação que enfrentou, quando secretário-geral da Presidência no governo FHC, por suspeita de ter pressionado a Receita a acelerar fiscalização em suas empresas.

Contraponto

Questão de perspectiva

Guido Mantega comandava ontem reunião do GAC (Grupo de Acompanhamento da Crise), que reúne ministros e empresários. Ao observar a composição da mesa, o titular da Fazenda brincou com os empresários:
-Às vezes a gente muda a configuração dos lugares. Quem está à direita num dia está à esquerda no outro.
-Viu, Mantega? Hoje eu estou à sua esquerda- atalhou o presidente do Banco Central.
-Meirelles, isso é o que eu sempre quis. Veja só que paradoxo- replicou Mantega.
Como o presidente do BC insistisse em dizer que estava à esquerda, o ministro da Fazenda concluiu:
-Daqui a pouco vão dizer que eu que sou ortodoxo!


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