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Painel
RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br
À espera de Lina
O governo pretende usar o tempo de que dispõe, até
terça-feira, para tentar, no dizer de um ministro, "reverter" o depoimento de Lina Maria Vieira à CCJ do
Senado. Mas a oposição se preveniu: a sessão de ontem foi suspensa, e não encerrada, pelo presidente da
comissão, Demóstenes Torres (DEM-GO). Isso significa que o quorum de terça estará garantido ainda que
o governo tente esvaziar a audiência com a ex-secretária da Receita, que afirma ter recebido de Dilma
Rousseff pedido para apressar investigação sobre empresas da família Sarney. Resta a tática de tentar desqualificar Lina. Ontem, o líder do governo, Romero
Jucá, dizia que a audiência servirá para saber a "real
razão" de sua saída do cargo. A oposição usará como
escudo seus 30 anos de serviço público.
Mudos. A governadora Wilma Faria (PMDB-RN) e o senador Garibaldi Alves
(PMDB-RN) até agora não
disseram palavra em defesa
da ex da Receita Federal, que
foi secretária da Fazenda de
ambos, sempre elogiada.
Submundo. Enquanto o
Conselho de Ética vai arquivando tudo, o PMDB continua a coletar informações
contra adversários de Sarney,
caso o acordão não vingue.
Nessa frente opera o ex-senador Gilberto Miranda, que
alega ter munição contra o tucano Sérgio Guerra e o petista
Aloizio Mercadante, da época
da CPI do Orçamento.
Breu. O sinal da MTV no
Amapá, domicílio eleitoral de
Sarney, caiu anteontem durante a transmissão do Debate MTV, cujo teve foi a crise
no Senado. A retransmissora,
que pertence a um irmão do
senador sarneysista Gilvam
Borges, alegou queda de energia. Já a Companhia de Eletricidade do Amapá diz que não
houve corte de luz na região.
Bigodes. Parecia mais um
discurso de Sarney, mas ontem quem estava sentado na
Mesa Diretora do Senado prometendo lutar e resistir era o
presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya.
Chancela. Entre os atos secretos que a Mesa poderá validar hoje está o que deu ao braço direito de Sarney, Osvaldino Brito, cargo efetivo de secretário parlamentar. O caso é
único. Dezenas de não concursados já tentaram o mesmo na Justiça, sem sucesso.
Crônico 1. A lista de ressalvas às contas de 2008 do Senado, contida no novo relatório de gestão, também aponta
irregularidades cometidas na
gestão Sarney (2009). O documento de 243 páginas está no
TCU, que dará parecer final.
Crônico 2. Foram analisados 679 casos de acúmulo de
cargos, problemas "graves" na
folha de pagamento e estouro
do limite anual de gastos com
suprimento de fundos.
Fiadora. O novo foco de interesse do Ministério Público
Federal no Rio Grande do Sul
é o empréstimo de R$ 90 mil
da assessora Walna Vilarins à
governadora Yeda Crusius. A
transação consta da declaração de IR de Vilarins, apontada pelos procuradores como
suposta operadora de caixa-dois da campanha tucana.
Troco. Aliados de Yeda usaram reunião da Executiva Nacional tucana para reclamar
da falta de apoio à governadora. Uma das próximas ações
do PSDB gaúcho será procurar alguém que encampe pedido de afastamento do vice,
Paulo Feijó (DEM), inimigo
de Yeda, por suposta irregularidade em suas empresas.
Conforto. Mantida a greve
na TV Cultura, o Sindicato
dos Radialistas definiu que as
assembleias continuarão a ser
realizadas às 12h e às 16h, para
que os participantes possam
contornar o rodízio paulistano de veículos, classificado
como "mais um atentado contra os trabalhadores".
Portão. Na tarde de ontem, a
Justiça concedeu liminar garantindo o acesso à sede da
Cultura, que vinha sido bloqueado por piquetes. Grevistas chegaram a riscar carros
na frente da emissora.
Tiroteio
"Estou ansioso para ver o Ministério Público
Federal, no governo Lula, investigar as
denúncias de Lina Vieira com o mesmo rigor
demonstrado contra mim e Everardo Maciel."
De EDUARDO JORGE CALDAS sobre a investigação que enfrentou,
quando secretário-geral da Presidência no governo FHC, por suspeita
de ter pressionado a Receita a acelerar fiscalização em suas empresas.
Contraponto
Questão de perspectiva
Guido Mantega comandava ontem reunião do GAC
(Grupo de Acompanhamento da Crise), que reúne ministros e empresários. Ao observar a composição da mesa, o
titular da Fazenda brincou com os empresários:
-Às vezes a gente muda a configuração dos lugares.
Quem está à direita num dia está à esquerda no outro.
-Viu, Mantega? Hoje eu estou à sua esquerda- atalhou
o presidente do Banco Central.
-Meirelles, isso é o que eu sempre quis. Veja só que paradoxo- replicou Mantega.
Como o presidente do BC insistisse em dizer que estava
à esquerda, o ministro da Fazenda concluiu:
-Daqui a pouco vão dizer que eu que sou ortodoxo!
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