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Chefe de gabinete da Receita confirma declaração de Lina
Servidora conta que ex-secretária do fisco foi chamada para reunião reservada no Planalto
Segundo Iraneth Weiler, Erenice Guerra, auxiliar da ministra, foi à sala de Lina agendar encontro no final de 2008; Dilma nega reunião
LEONARDO SOUZA
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A chefe de gabinete do secretário da Receita Federal, Iraneth Dias Weiler, deu ontem
depoimento à Folha em que
corroborou detalhes das declarações que a ex-secretária Lina
Maria Vieira faz sobre encontro que teria tido com a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil).
Em entrevista à Folha no
domingo, Lina disse que, no final do ano passado, foi chamada para uma reunião reservada
com Dilma no Planalto. No encontro, segundo Lina, a ministra pediu para acelerar a auditoria que, por decisão da Justiça, o fisco faz nas empresas da
família de José Sarney (PMDB-AP), dirigidas pelo filho mais
velho do senador, Fernando.
Dilma afirma que jamais esteve a sós com Lina, que não
houve reunião no Planalto e
que não fez pedido nenhum.
Desafiou a ex-secretária a provar o que havia afirmado.
Funcionária de carreira da
Receita, Iraneth confirmou
que Erenice Guerra, secretária-executiva da Casa Civil, foi
ao gabinete de Lina no final do
ano passado. "Ela entrou pela
porta do corredor, não passou
pelas secretárias. Não foi uma
coisa que constava da agenda."
Segundo Iraneth, Lina falou
com ela sobre o convite do Planalto logo após a visita de Erenice e disse "que teria um encontro reservado no Planalto".
Até o fechamento desta edição, a Casa Civil não comentou
a participação de Erenice no
episódio. Anteontem, o chefe
de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, disse: "A Erenice me garantiu que jamais foi
ter essa conversa com Lina".
Iraneth trabalha na direção
da Receita desde setembro.
Continua na gestão do secretário interino Otacílio Cartaxo.
A servidora afirmou que não
se lembra da data da visita de
Erenice. Disse que reuniões
inesperadas, embora frequentes, não são registradas na
agenda oficial do órgão.
Iraneth, no entanto, se recorda de detalhes do encontro.
Contou que estava com Lina no
gabinete quando Erenice apareceu. Uma integrante da equipe de segurança havia avisado
pelo interfone da visita.
Iraneth disse que abriu a
porta para Erenice e deixou a
sala, "como sempre faço nesse
tipo de conversa". "Eu confirmo que ela [Erenice] esteve
aqui e que a secretária falou
que iria ao Palácio."
O gabinete do secretário da
Receita fica no 7º andar do Ministério da Fazenda, mas está
em obras desde meados do ano
passado. Assim, Lina (e hoje
Cartaxo) estava provisoriamente instalada no 6º andar.
Um corredor dá acesso direto
ao gabinete improvisado, sem
que o visitante precise passar
pelas recepcionistas nem pela
chefe de gabinete.
Lina diz não se lembrar exatamente da data da audiência,
mas que foi no final do ano passado. Na época, Sarney estudava se candidatar à Presidência
do Senado, cargo para o qual foi
eleito em fevereiro, com a
chancela do Planalto.
A Receita começou a montar
uma equipe especial para tocar
a auditoria nos negócios dos
Sarney em outubro. Segundo
Lina, semanas depois Dilma
chamou-a para conversar. Lina
foi demitida em 9 de julho. A
Folha apurou que a recusa dela
a atender pedidos de políticos
contribuiu para a sua queda.
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