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PMDB apela a Lula para propor fim de crise
Em conversas com o presidente, Renan e Sarney cobraram que o PT defina se está ao lado do PMDB ou da oposição
Em discussão tensa com Sarney, Mercadante defende posição a favor de investigar senador; conselho arquiva a denúncia contra Virgílio
Lula Marques/Folha Imagem
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Ao lado da cúpula da Câmara dos Deputados, manifestantes do
PSOL pedema saída de José Sarney da presidência do Senado
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com participação direta do
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, o PMDB tentou abrir ontem caminho para um acordo a
fim de enterrar os processos
por quebra de decoro parlamentar contra o presidente do
Senado, José Sarney (PMDB-AP), e o líder do PSDB na Casa,
Arthur Virgílio (AM). A bancada do PT resistia à articulação.
A estratégia peemedebista
contou com duas ações: o arquivamento ontem do processo
contra Virgílio no Conselho de
Ética e o pedido a Lula para
pressionar os senadores petistas a desistirem de reabrir um
dos processos contra Sarney.
Na noite de ontem, o líder do
PT no Senado, Aloizio Mercadante (PT), foi até o gabinete de
Sarney comunicá-lo da resistência em absolvê-lo. Os dois tiveram uma tensa discussão,
presenciada pela senadora Ideli Salvatti (PT-SC).
Sarney e Mercadante elevaram tanto o tom de voz que a
discussão pôde ser ouvida por
quem estava do lado de fora.
O peemedebista cobrou fidelidade dos petistas à aliança entre os partidos. Mercadante
disse que não tinha condições
de mudar de posição e continuaria defendendo a reabertura de pelo menos um dos processos contra o presidente do
Senado -o que trata da nomeação do namorado de sua neta.
Após a reunião, segundo a
Folha apurou, Mercadante
chegou a confidenciar que não
tinha apego ao cargo de líder da
bancada e poderia entregá-lo
caso o presidente Lula exija
uma mudança de posição. Apesar do seu posicionamento,
Mercadante não tinha segurança de que alguns senadores do
PT irão seguir sua orientação.
Conversas
Anteontem, Sarney e Renan
conversaram, separadamente,
com Lula. Disseram ao presidente que o PT precisa decidir
de que lado está. Foi citado que
os petistas não podem querer a
aliança do PMDB na CPI da Petrobras e se aliar à oposição no
Conselho de Ética.
Lula prometeu pressionar os
senadores a mudar de posição e
fechar com o PMDB pelo arquivamento definitivo de todos os
processos contra Sarney. Lula
voltará a insistir com os petistas que está em jogo a eleição de
2010, em que PT e PMDB devem fechar aliança para tentar
eleger Dilma Rousseff sucessora do petista no Planalto.
Governistas comentavam
ontem que, em último caso, os
três petistas membros do Conselho de Ética -Ideli Salvatti,
Delcídio Amaral e João Pedro-
poderiam se abster durante a
votação no órgão. A abstenção
seria a forma de evitar desgaste
principalmente de Ideli e Delcídio, que são candidatos à reeleição no próximo ano.
Em troca, os petistas votariam também contra o recurso
que o PMDB irá apresentar hoje para derrubar a decisão do
presidente do Conselho de Ética, Paulo Duque (PMDB-RJ),
que rejeitou o pedido de processo contra Virgílio.
A decisão de Duque e o recurso peemedebista fazem parte
de um jogo de cena. Ao mesmo
tempo em que o presidente do
conselho procurou ser "coerente", já que havia arquivado
11 processos contra Sarney, o
recurso do PMDB iguala a situação -agora, haverá recursos
contra Sarney e Virgílio.
O argumento de Duque, ao
decidir pelo arquivamento, foi
o mesmo nos casos envolvendo
Sarney: "O Conselho não pode
ser instrumento de ação político-partidária, nem substituir o
eleitor". Virgílio foi denunciado
por ter, entre outras coisas,
mantido funcionário-fantasma
em seu gabinete.
Duque tinha em mãos também um parecer jurídico em
que o processo contra o tucano
seria aberto. Mas descartou-o
atendendo orientação de Renan, pois poderia inviabilizar o
acordo com petistas e os acenos
de paz na direção dos tucanos.
A senha para o acordo foi dada anteontem em discurso do
senador Tasso Jereissati
(PSDB-CE), em que pediu desculpas pelo bate-boca com Renan na semana passada.
Na semana que vem, Duque
promete reunir o conselho para
votar os recursos.
(VALDO CRUZ, ANDREZA MATAIS, FABIO ZANINI E KENNEDY ALENCAR)
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