São Paulo, quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Lula pede mais civilidade aos senadores

Para presidente, debate no Senado está abaixo da média de compreensão da sociedade e até quem gosta de política não o entende

Em evento no Rio de Janeiro, Lula louvou ações de seu governo e do governador Sérgio Cabral (PMDB), seu aliado, nas favelas da cidade

RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

Na semana seguinte ao áspero bate-boca entre os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Tasso Jereissati (PSDB-CE), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a troca de agressões entre os parlamentares e disse que eles poderiam agir de modo mais "civilizado".
"Recentemente o nível de debate está abaixo da média de compreensão da nossa sociedade. São todas pessoas formadas, acima de 35 anos de idade, e que, em vez de prestar atenção ao que a televisão está transmitindo, poderiam agir de forma mais civilizada", afirmou o presidente, no Rio de Janeiro.
Ontem, Lula participou na cidade de comemoração dos 150 anos de fundação da Igreja Presbiteriana no Brasil.
Há uma semana, Renan e Jereissati trocaram ofensas em meio à crise política no Senado e ao debate sobre a permanência de José Sarney (PMDB-AP) na presidência da Casa.
Fora do microfone, Renan chamou o colega de "coronel de merda". O rival o qualificou de "coronel cangaceiro".
"As pessoas se agridem de tal modo que mesmo aquele cidadão que gosta de política fica sem compreender o que está acontecendo", criticou o presidente em seu discurso.

Bolsa Família
Lula se queixou do que chamou de "preconceito" contra o programa Bolsa Família, que atende 11,4 milhões de famílias no Brasil. Segundo ele, só acha que a distribuição de recursos do programa desestimula o trabalho quem "não conhece um pobre".
"Só pode pensar que R$ 85 ou R$ 100 faz uma pessoa não querer trabalhar quem pode dar R$ 100 de gorjeta depois de tomar meia dúzia de uísques. Uma mulher pobre que pega R$ 50 ou R$ 100, ela transforma aquilo em uma coisa sagrada chamada alimento para os seus filhos", reclamou.
Em discurso, Lula também louvou as ações do seu governo e do governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ), seu aliado, nas favelas da cidade e defendeu que para reduzir a violência é preciso levar o aparato do Estado a essas áreas.
"A única chance que temos de fazer essas crianças se transformarem em homens e mulheres de bem e diminuirmos a violência (...) não é apenas a polícia -que tem um papel importante-, mas é a presença do Estado, do poder público, da prefeitura, do governo do Estado, do governo federal, levando para lá o que o Estado oferece para os ricos", afirmou Lula.
O presidente disse em discurso que criou "mais de 10 milhões de empregos" desde 2003 e que o país está reduzindo a desigualdade social, mesmo durante a crise econômica.
"Nem mesmo a crise financeira internacional nos tirou desta rotina virtuosa. A verdade é que no auge da crise mundial, entre outubro de 2008 e junho de 2009, mais de meio milhão de pessoas deixaram a linha da pobreza nas principais regiões metropolitanas do país, se comparadas com o período de outubro de 2007 a junho de 2008", discursou.


Texto Anterior: Janio de Freitas: A pretexto da fumaça
Próximo Texto: Senado tem mais 15 boletins com ato ultrassecreto
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.