MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO

As relações entre Rosinha Matheus e o governo Lula, que andavam cordiais desde que a governadora do Rio filiou-se ao PMDB, voltaram a azedar ontem.
Dois secretários de Rosinha divulgaram nota para contestar a decisão do secretário nacional do Tesouro, Joaquim Levy, de vetar o saque pelo Estado de R$ 540 milhões da chamada "conta B" do Banerj (o antigo banco estadual). O dinheiro seria usado para pagar o 13º de 2002 dos servidores que ganham mais do que R$ 500.
Segundo Francesco Conte (Gabinete Civil) e Luiz Rogério Magalhães (Integração Governamental), a decisão de Levy é "equivocada". O saque já havia sido autorizado pelo Senado e, segundo Rosinha, teve o aval do ministro Antônio Palocci Filho (Fazenda).
Sem os recursos, Rosinha pagará o abono em cinco vezes, com a última parcela em dezembro, como estava previsto. A primeira parcela foi paga em 29 de agosto.
A decisão do bloqueio foi depor Levy no fim da tarde de anteontem. Ontem, o Tesouro não quis explicar as razões do veto. Segundo Conte, o saque "não é uma operação de crédito", já que o dinheiro pertence ao Estado.
"É uma transação simples, matematicamente fácil e legalmente possível", completou Magalhães.
"Eu não tenho a última palavra sobre esse assunto", disse ontem Levy, evitando dar detalhes sobre o bloqueio. A assessoria do ministro Palocci não quis comentar.