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Suassuna se diz inocente e ataca imprensa e Biscaia
Senador diz ser vítima de psicose da mídia e que presidente de CPI se acha dono do mundo
Jefferson Péres, relator de processo de cassação de peemedebista no Conselho de Ética, deve apresentar relatório na próxima quarta
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em depoimento de cerca de
quatro horas no Conselho de
Ética do Senado, o senador Ney
Suassuna (PMDB-PB) negou
ontem envolvimento com a
máfia das ambulâncias, atacou
o presidente da CPI dos Sanguessugas e disse que, nos últimos dias, está sendo "atacado"
pela imprensa.
"Há 131 dias eu venho sendo
atacado em espaços grandiosos
nas páginas dos jornais. Eu não
tenho culpa. Eu sou inocente.
Estamos vivendo uma época de
psicose da imprensa. Daqui a
pouco ninguém mais vai querer
ser senador", disse Suassuna,
que é candidato à reeleição.
Investigação da Polícia Federal que revelou a existência de
fraudes na compra de ambulâncias mostra que o ex-assessor parlamentar de Suassuna
Marcelo Cardoso Carvalho teria recebido R$ 222,5 mil de
Darci e Luiz Antonio Vedoin,
que são acusados de chefiar a
quadrilha que pagava propina a
congressistas para que direcionassem emendas.
Suassuna responsabiliza
Carvalho por seu envolvimento
no escândalo. Até agora, não há
provas de que o ex-assessor tenha repassado dinheiro para
Suassuna. "Se encontrarem algo, eu renuncio ao meu mandato e cancelo a minha candidatura", disse o senador.
Suassuna atacou o deputado
Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), presidente da CPI dos Sanguessugas, cujo relatório recomendou a perda do mandato do
senador e de mais 71 parlamentares. Ele afirmou que está reunindo elementos para processar o deputado.
Segundo Biscaia, Suassuna
teria dito, durante conversa informal, que 90% dos parlamentares recebem "uma beirada
das emendas". Biscaia relatou o
diálogo em depoimento ao conselho realizado na semana passada. Suassuna nega.
"Esse diálogo não foi comigo.
Além disso, ele mudou a versão.
Primeiro disse que [o diálogo]
foi na CPI, depois em outro lugar", disse. "Isso é vaidade. Ele
acha que é dono do mundo."
Relator
Pressionado por Jefferson
Péres (PDT-AM), relator de seu
processo no Conselho de Ética
do Senado, Suassuna não soube
explicar por que não apurou suposta falsificação de sua assinatura em documento oficial.
No documento encaminhado
ao então ministro Saraiva Felipe (Saúde) em dezembro passado, o senador pediu a liberação de R$ 3,6 milhões para a
compra de ambulâncias. Suassuna apresentou laudo para
provar que sua assinatura naquele documento foi fraudada.
Suassuna foi avisado sobre a
existência do ofício com a solicitação da emenda em janeiro
pela assessora parlamentar do
Ministério da Saúde, Marilane
Albuquerque. Ela disse que tratou do assunto com o próprio
Suassuna pelo telefone.
Péres insistiu em perguntas
sobre quais medidas Suassuna
tomou ao ser informado. "Vossa excelência não quis saber como aquilo saiu do seu gabinete?
Ao tomar conhecimento, não
procurou colocar aquilo em
pratos limpos?", perguntou.
Suassuna explicou que,
quando soube do ofício, demonstrou surpresa. "Isso eu
não pedi, não. Pode ser que assinei sem ler. Pode ter passado
na correria do dia-a-dia."
O senador disse que, depois,
resolveu perguntar a Carvalho
sobre o ofício. "Ele era simpático. Elogiavam muitíssimo o
trabalho dele. Perguntei o que
havia acontecido, ele disse que
foi equívoco e que já havia resolvido. Encerrou por aí". Suassuna manteve Carvalho no gabinete até 4 de maio deste ano,
quando ele foi preso. "Assinei a
demissão no mesmo dia", disse.
Péres afirmou que vai entregar seu relatório na próxima
quarta e sinalizou que poderá
pedir a cassação justamente
por Suassuna não ter tomado
providências em relação à falsificação da assinatura. "Não há
nada que indique que ele tenha
se beneficiado da propina recebida pelo seu assessor. Para ter
quebra de decoro não é preciso
cometer um ilícito penal. Um
senador pode ter comportamento indecoroso por muitas
outras ações ou omissões."
(ADRIANO CEOLIN E LETÍCIA SANDER).
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