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Senadores voltam a mentir ao declarar voto em enquete
Ouvidos pela Folha ontem, 43 parlamentares disseram ter optado pela cassação, mas painel registrou apenas 35 votos
Antes da sessão secreta, 41 integrantes do Senado haviam afirmado que se manifestariam a favor da perda de mandato de Renan
DA REDAÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Alguns senadores mentiram
ao anunciar a decisão que tomaram no processo contra Renan Calheiros, presidente da
Casa. É o que mostra a enquete
realizada ontem pela Folha logo após a votação secreta no
plenário. Ao ouvir 75 senadores -5 não foram localizados-,
a reportagem obteve de 43 deles que a opção tinha sido pela
cassação do mandato. No plenário, no entanto, essa decisão
teve o apoio de apenas 35 parlamentares, oito a menos do
que o ouvido pela Folha.
O mesmo aconteceu na véspera da votação, quando 41 anteciparam que o voto seria pela
perda do mandato. Ao que parece, 6 senadores mudaram de
idéia de um dia para o outro
-ou mentiram também.
Tanto antes como depois da
votação, se o testemunho dos
senadores tivesse sido confirmado pelos votos que realmente deram, Renan estaria cassado, já que eram necessários 41
votos para isso.
Metade dos votos dos petistas na Casa continua desconhecida do público. De uma bancada de 12 senadores, 8 haviam
omitido, na véspera da votação,
a decisão que tomariam. Ontem, o número caiu para 6, já
que Aloizio Mercadante (SP)
afirmou ter optado por abster-se e Eduardo Suplicy disse ter
votado pela cassação. O PT foi
apontado como detentor de votos decisivos, assim como as
"traições" da oposição, que fechou questão pela cassação.
"Não tem nem o que comentar [sobre o resultado]. O PT
trabalhou [pela Renan] e entrou pesado", disse Heráclito
Fortes (DEM-PI), que não havia declarado o voto na véspera, mas que afirmou ter decidido pela cassação.
Entre os demais senadores
ouvidos ontem, 9 disseram ter
apoiado a continuidade de Renan na Casa -1 a menos do que
na véspera-, 21 não declararam seus votos, 5 não foram localizados e 2 afirmaram que se
abstiveram.
"Não cabe ao Senado julgar
um crime tributário", disse
Francisco Dornelles (PP-RJ),
que afirmou ter sido contra a
perda do mandato de Renan.
Decisão
Dos 29 senadores que não
haviam declarado seus votos
antes da reunião secreta no plenário, 11 relevaram ontem como supostamente se manifestaram no processo sobre o presidente da Casa -6 disseram
que votaram pela cassação, 3
contra e 2 se abstiveram. Outros 16 continuaram sem dizer
a decisão -6 petistas- e 2 não
foram localizados.
Entre os apoiadores públicos
de Renan, 6 disseram tanto antes como depois da votação que
a decisão era pela manutenção
do mandato. Está nesse grupo a
família Sarney, representada
por José Sarney (PMDB-AP) e
Roseana (PMDB-MA). Com
exceção de Gim Argello (PTB-DF), os demais são peemedebistas, como Renan.
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