São Paulo, quinta-feira, 13 de setembro de 2007

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Senadores voltam a mentir ao declarar voto em enquete

Ouvidos pela Folha ontem, 43 parlamentares disseram ter optado pela cassação, mas painel registrou apenas 35 votos

Antes da sessão secreta, 41 integrantes do Senado haviam afirmado que se manifestariam a favor da perda de mandato de Renan

DA REDAÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Alguns senadores mentiram ao anunciar a decisão que tomaram no processo contra Renan Calheiros, presidente da Casa. É o que mostra a enquete realizada ontem pela Folha logo após a votação secreta no plenário. Ao ouvir 75 senadores -5 não foram localizados-, a reportagem obteve de 43 deles que a opção tinha sido pela cassação do mandato. No plenário, no entanto, essa decisão teve o apoio de apenas 35 parlamentares, oito a menos do que o ouvido pela Folha.
O mesmo aconteceu na véspera da votação, quando 41 anteciparam que o voto seria pela perda do mandato. Ao que parece, 6 senadores mudaram de idéia de um dia para o outro -ou mentiram também.
Tanto antes como depois da votação, se o testemunho dos senadores tivesse sido confirmado pelos votos que realmente deram, Renan estaria cassado, já que eram necessários 41 votos para isso.
Metade dos votos dos petistas na Casa continua desconhecida do público. De uma bancada de 12 senadores, 8 haviam omitido, na véspera da votação, a decisão que tomariam. Ontem, o número caiu para 6, já que Aloizio Mercadante (SP) afirmou ter optado por abster-se e Eduardo Suplicy disse ter votado pela cassação. O PT foi apontado como detentor de votos decisivos, assim como as "traições" da oposição, que fechou questão pela cassação.
"Não tem nem o que comentar [sobre o resultado]. O PT trabalhou [pela Renan] e entrou pesado", disse Heráclito Fortes (DEM-PI), que não havia declarado o voto na véspera, mas que afirmou ter decidido pela cassação.
Entre os demais senadores ouvidos ontem, 9 disseram ter apoiado a continuidade de Renan na Casa -1 a menos do que na véspera-, 21 não declararam seus votos, 5 não foram localizados e 2 afirmaram que se abstiveram.
"Não cabe ao Senado julgar um crime tributário", disse Francisco Dornelles (PP-RJ), que afirmou ter sido contra a perda do mandato de Renan.

Decisão
Dos 29 senadores que não haviam declarado seus votos antes da reunião secreta no plenário, 11 relevaram ontem como supostamente se manifestaram no processo sobre o presidente da Casa -6 disseram que votaram pela cassação, 3 contra e 2 se abstiveram. Outros 16 continuaram sem dizer a decisão -6 petistas- e 2 não foram localizados.
Entre os apoiadores públicos de Renan, 6 disseram tanto antes como depois da votação que a decisão era pela manutenção do mandato. Está nesse grupo a família Sarney, representada por José Sarney (PMDB-AP) e Roseana (PMDB-MA). Com exceção de Gim Argello (PTB-DF), os demais são peemedebistas, como Renan.


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