São Paulo, Quarta-feira, 13 de Outubro de 1999
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Carta descreve cotidiano da colônia

da Agência Folha, em Belém

Cerca de 40 mil cartas que se encontram no Arquivo Público do Pará lançam novas luzes sobre o cotidiano da capitania hereditária do Grão-Pará.
Seus autores são padres, comerciantes e líderes locais, que trocavam correspondência com o governo da capitania durante o século 18.
"Esse material é uma caixa preta que, sendo desvendada, ajudará a entender o que era viver na Amazônia durante o Brasil Colônia", diz o diretor do arquivo, Geraldo Mártires Coelho.
Cerca de 1.500 desses 40 mil documentos já foram microfilmados. Dois terços do material já recebeu verbetes que serão incluídos nos anais do arquivo.
O trabalho está sendo realizado graças a um convênio entre Brasil e Portugal. Uma cópia dos microfilmes irá para o Arquivo da Torre do Tombo, em Portugal.
Entre as histórias que agora aparecem, há a do homem comum, preocupado porque sua vila está sem padre, que pede permissão ao governo para benzê-la. Há cartas que denunciam os maus-tratos de um fazendeiro da ilha do Marajó contra os índios.
Milhares de ofícios comunicam a venda ou transporte de animais selvagens como cobras, macacos, tatus, tartarugas e onças. Até um pedido de esmola foi feito por escrito e está no arquivo.
Elementos da formação da população local aparecem em cartas relatando o casamento de índias com soldados e as fugas de escravos índios e negros. A correspondência revela também uma greve de catadores de cacau.
Segundo o professor da USP (Universidade de São Paulo) István Jancsó, essas cartas podem mostrar quais as principais diferenças entre a Capitania do Grão-Pará e as outras capitanias do Brasil Colônia. "O material é uma ótima fonte de comparação." (LI)


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