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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
"Aquela gente só sabe vender", acusa Lula; é a "mentirobrás", diz Alckmin
Tucano anuncia formação de grupo de parlamentares para responder a ataques da campanha adversária
Em comício em Goiás,
presidente diz que se inspira
em Gandhi para procurar
manter a calma diante
das investidas dos tucanos
EDUARDO SCOLESE
ENVIADO ESPECIAL A VALPARAÍSO DE GOIÁS
Em discurso ontem à noite
em Valparaíso de Goiás, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a afirmar que seu adversário, Geraldo Alckmin
(PSDB), pretende vender patrimônio público caso vença as
eleições.
Ele citou a sugestão de Alckmin de vender o avião presidencial para usar o dinheiro na
construção de hospitais. "Não
me incomodei porque aquela
gente só sabe vender o que não
é deles. Eles são capazes de passar na rua, ver um carro estacionado e vendê-lo."
Em Pernambuco, Alckmin
disse que o governo Lula criou a
"mentirobrás" -referência a
uma "central de boatos" responsável pelos rumores de que
o PSDB pretende privatizar estatais e fazer cortes no Bolsa
Família. O tucano anunciou a
formação de um grupo de parlamentares para combater os
boatos. "Vamos criar esse grupo para desmentir essas coisas,
dizer a verdade ao povo brasileiro e colocar os pingos nos is."
A "tropa de choque" será formada pelos deputados Raul
Jungmann (PPS-PE), José Carlos Aleluia (PFL-BA), Carlos
Sampaio (PSDB-SP), Gustavo
Fruet (PSDB-PR) e Júlio Delgado (PSDB-MG) e pelo senador Álvaro Dias (PSDB-PR).
Sobre a pesquisa Ibope divulgada ontem, o ex-governador,
referindo-se à vantagem de Lula, afirmou que "12 pontos é
pouquinho". "Deu uma esfriada, mas a campanha começou
hoje [ontem]. Vamos crescer,
pode escrever aí."
Alckmin esteve em Recife e
no porto de Suape, em Cabo de
Santo Agostinho (a 30 km da
capital), onde gravou imagens
para seu programa eleitoral.
Em Goiás, onde discursou de
improviso para cerca de 5.000
pessoas, segundo os organizadores, Lula disse que tem se
inspirado no indiano Mahatma
Gandhi para manter a calma
diante dos ataques de Alckmin.
Ao explicar a menção ao líder
que ajudou a libertar a Índia do
império britânico, Lula disse
que Gandhi adotava a prática
da não-violência e "aceitava
qualquer tipo de provocação".
"Quando o ofendiam, ele não
perdia a postura. Ele tinha um
objetivo, de libertar a Índia."
O petista pediu tranqüilidade
a seus eleitores. "Não podemos
perder a cabeça, não podemos
fazer gestos que permitam a
eles dizerem que nós estamos
mudando o tom."
Ao lado de Lula no palanque,
além de políticos locais, esteva
o ex-faxineiro Francisco Basílio Cavalcante, que, em 2004,
se tornou uma espécie de símbolo da honestidade ao devolver uma carteira com US$ 10 mil que havia encontrado no
aeroporto de Brasília.
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