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Planalto quer evitar corrida à sucessão de Renan no Senado
Temor é que disputa pelo cargo possa atrapalhar tramitação da CPMF na Casa
Caso o peemedebista venha a renunciar, Lula deixa claro que caberá ao PMDB indicar o sucessor; José Sarney (AP) continua sendo o preferido
VALDO CRUZ
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Planalto quer evitar que a
licença do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) provoque
corrida sucessória pela presidência do Senado ainda neste
ano, o que tumultuaria o processo de negociação da emenda
constitucional que prorroga a
CPMF, o imposto do cheque.
Na avaliação do governo, esse
debate só interessa à oposição e
àqueles que já estão de olho na
cadeira vaga de Renan -senadores do PMDB e do PT- e deve ser postergado para o próximo ano. Para evitar discussões
sobre a sucessão no Senado, o
governo vai trabalhar para que
o afastamento do senador seja
prorrogado por mais 45 dias a
fim de garantir que durante a
votação da CPMF não haja
mais confusões na Casa.
Se for necessário, a idéia é
chamar Renan ao "bom senso",
já que, por enquanto, seu retorno à presidência é visto como
sinônimo de crise.
Líderes do governo não acreditam que enfrentarão dificuldades nesse trabalho de convencimento. Depois do primeiro passo dado, da licença, o caminho ficou aberto para mostrar a Renan que ele precisa
também colaborar para preservar seu mandato.
Segundo a Folha apurou, o
governo acredita que Renan
pode ser obrigado não só a
prorrogar sua licença por mais
45 dias como também renunciar ao cargo de presidente da
Casa para evitar uma cassação.
Sucessor
No caso de renúncia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
já deixou claro a seus aliados
que caberá ao PMDB indicar o
sucessor. Um recado direcionado principalmente a seu partido, que vai comandar a Casa
com o senador Tião Viana (PT-AC) durante o período de licença do peemedebista.
Num cenário sem Renan, o
favorito de Lula para a presidência do Senado é o senador
José Sarney (PMDB-AP), mas o
ex-presidente já avisou a aliados que não está disposto a entrar na disputa.
Por isso, o Planalto e a cúpula
do PMDB trabalham com outros dois nomes. Um deles, o senador Edison Lobão (MA), que
ingressou no PMDB vindo do
DEM. A Folha apurou que o
nome dele é bem visto no PT,
por ser alguém "neutro".
Lula foi informado de que
Renan iria se licenciar pelo ministro Walfrido dos Mares
Guia (Relações Institucionais)
e pelo líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). Depois, recebeu um telefonema do senador, informando de sua decisão de se licenciar por 45 dias.
O presidente confidenciou a
auxiliares mais tarde que estava aliviado com o desfecho do
caso, apesar de preferir que o
período da licença fosse de 120
dias para englobar todo o prazo
de tramitação da CPMF no Senado. Para o governo, ter a Casa sob o comando de Tião Viana é "o melhor dos mundos",
neste período de negociação
para a prorrogação da CPMF.
O Planalto, que comandou o
processo de uma saída negociada do peemedebista da presidência do Senado, sabe que não
pode abandonar o aliado e deve
trabalhar para ajudá-lo a preservar o mandato. O argumento a ser usado daqui para a
frente é o de que Renan cumpriu o que pediram a ele, ao
deixar a presidência da Casa,
ainda que temporariamente.
O governo considera prematura qualquer previsão sobre o
desfecho definitivo do caso
-ainda falta "sentir" a reação
da oposição ao fato de ele ter
deixado o cargo.
Por enquanto, o Planalto
avalia que as reações dos tucanos foram positivas. Senadores
do PSDB exigiram a renúncia
de Renan, mas também elogiaram seu "primeiro passo" ao
pedir licença. Já os Democratas devem manter a oposição
frontal ao peemedebista.
Colaborou ANDREZA MATAIS, da Sucursal de Brasília
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