São Paulo, sábado, 13 de outubro de 2007

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Renan já começa a perder regalias do cargo

Senador não pode mais usar jatos da FAB para viajar ao seu Estado e fica sem a escolta para deslocamentos em Brasília

Senado informa que Renan terá que transferir toda a estrutura que o servia para o interino Tião Viana (PT-AC), inclusive a residência oficial

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao anunciar seu afastamento temporário da presidência do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) já começou a perder as regalias reservadas aos ocupantes do cargo. A primeiro delas é o direito a usar aviões da FAB (Força Aérea Brasileira) para seus deslocamentos.
Tanto o presidente do Senado como o presidente da Câmara têm direito ao uso de aeronaves para viagens oficiais ou para deslocamentos particulares, como viagens de fim de semana aos Estados. Agora Renan terá de voltar a freqüentar aeroportos, confirmam fontes da FAB.
A área técnica do Senado informou ontem que Renan terá que transferir toda a estrutura que o servia para o senador Tião Viana (PT-AC), inclusive a residência oficial.
Viana assumiu interinamente a presidência do Senado, que é o terceiro posto na linha sucessória da Presidência da República, mas não responderá pela presidência do Congresso Nacional, que será ocupada por Nárcio Rodrigues (PSDB-MG).
Poucos minutos depois de anunciar por meio da TV Senado a sua licença de 45 dias, Renan já sentia os efeitos práticos da medida. Após sair do gabinete da presidência -amplo local no Senado que também terá que transferir ao petista Viana-, o senador alagoano foi conduzido pelos seguranças do Senado até o carro, mas não mais o australiano Chevrolet Omega CD reservado ao presidente da Casa, que é escoltado por outro carro com seguranças, e sim um Fiat Marea destinado aos "senadores comuns".
"O presidente em exercício assume todas as funções e atribuições, toda a estrutura passa para ele", afirmou Claudia Lyra, secretária-geral da Mesa do Senado. A única dúvida que permanece é sobre quando Renan terá que concretizar a passagem da estrutura, já que não há nada previsto sobre isso na Constituição ou no regimento interno do Senado.
Além do gabinete, do avião e do carro escoltado por seguranças, Renan terá que sair também da ampla mansão usada como residência oficial da presidência do Senado, que fica localizada à beira do lago Paranoá, em uma das regiões mais nobres de Brasília.
Ontem o senador ainda permanecia na Casa e não havia expectativa de quando iria desocupá-la. A Folha não conseguiu falar ontem com Viana para saber se ele quer se mudar para a residência oficial durante a sua interinidade. O novo "bunker" de Renan fica na Ala Afonso Arinos, uma das mais distantes do plenário, o que obrigará Renan a longas caminhadas. O gabinete da Presidência, fica ao lado do plenário.
Como mantém o mandato de senador, Renan continua a ter direito a benesses como carro com motorista, apartamento funcional de três quartos na região central de Brasília e verbas para compra de passagens aéreas, entre outras.
Durante o período em que ocupou a presidência do Senado, na crise, Renan se utilizou por diversas vezes da estrutura à sua disposição para se defender. No dia anterior à votação em que escapou da cassação, por exemplo, Renan mobilizou vários assessores e material da presidência do Senado para despachar à casa de cada um dos outros 80 senadores memorial com a sua defesa. (RANIER BRAGON E ANDREZA MATAIS)

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