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Renan já começa a perder regalias do cargo
Senador não pode mais usar jatos da FAB para viajar ao seu Estado e fica sem a escolta para deslocamentos em Brasília
Senado informa que Renan terá que transferir toda a estrutura que o servia para o interino Tião Viana (PT-AC), inclusive a residência oficial
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao anunciar seu afastamento
temporário da presidência do
Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL) já começou a perder as regalias reservadas aos
ocupantes do cargo. A primeiro
delas é o direito a usar aviões da
FAB (Força Aérea Brasileira)
para seus deslocamentos.
Tanto o presidente do Senado como o presidente da Câmara têm direito ao uso de aeronaves para viagens oficiais ou para deslocamentos particulares,
como viagens de fim de semana
aos Estados. Agora Renan terá
de voltar a freqüentar aeroportos, confirmam fontes da FAB.
A área técnica do Senado informou ontem que Renan terá
que transferir toda a estrutura
que o servia para o senador
Tião Viana (PT-AC), inclusive a
residência oficial.
Viana assumiu interinamente a presidência do Senado, que
é o terceiro posto na linha sucessória da Presidência da República, mas não responderá
pela presidência do Congresso
Nacional, que será ocupada por
Nárcio Rodrigues (PSDB-MG).
Poucos minutos depois de
anunciar por meio da TV Senado a sua licença de 45 dias, Renan já sentia os efeitos práticos
da medida. Após sair do gabinete da presidência -amplo local
no Senado que também terá
que transferir ao petista Viana-, o senador alagoano foi
conduzido pelos seguranças do
Senado até o carro, mas não
mais o australiano Chevrolet
Omega CD reservado ao presidente da Casa, que é escoltado
por outro carro com seguranças, e sim um Fiat Marea destinado aos "senadores comuns".
"O presidente em exercício
assume todas as funções e atribuições, toda a estrutura passa
para ele", afirmou Claudia
Lyra, secretária-geral da Mesa
do Senado. A única dúvida que
permanece é sobre quando Renan terá que concretizar a passagem da estrutura, já que não
há nada previsto sobre isso na
Constituição ou no regimento
interno do Senado.
Além do gabinete, do avião e
do carro escoltado por seguranças, Renan terá que sair também da ampla mansão usada
como residência oficial da presidência do Senado, que fica localizada à beira do lago Paranoá, em uma das regiões mais
nobres de Brasília.
Ontem o senador ainda permanecia na Casa e não havia
expectativa de quando iria desocupá-la. A Folha não conseguiu falar ontem com Viana para saber se ele quer se mudar
para a residência oficial durante a sua interinidade. O novo
"bunker" de Renan fica na Ala
Afonso Arinos, uma das mais
distantes do plenário, o que
obrigará Renan a longas caminhadas. O gabinete da Presidência, fica ao lado do plenário.
Como mantém o mandato de
senador, Renan continua a ter
direito a benesses como carro
com motorista, apartamento
funcional de três quartos na região central de Brasília e verbas
para compra de passagens aéreas, entre outras.
Durante o período em que
ocupou a presidência do Senado, na crise, Renan se utilizou
por diversas vezes da estrutura
à sua disposição para se defender. No dia anterior à votação
em que escapou da cassação,
por exemplo, Renan mobilizou
vários assessores e material da
presidência do Senado para
despachar à casa de cada um
dos outros 80 senadores memorial com a sua defesa.
(RANIER BRAGON E ANDREZA MATAIS)
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