Propaganda do PT sobre vida de prefeito é assunto central

DA REPORTAGEM LOCAL

Não só nas telas, mas também nos bastidores, o primeiro confronto entre o prefeito e candidato à reeleição, Gilberto Kassab (DEM), e a candidata petista Marta Suplicy foi tenso, marcado por provocações na platéia e acusações de exploração eleitoral da vida pessoal de ambos os candidatos.
Na chegada, os adversários não se cumprimentaram. Instalados em salas de vidro, separados por um tapume, podiam se ver. Mas não trocaram palavras. Da platéia, apoiadores se divertiam à cada alfinetada. Kassabistas riram quando um jornalista da emissora sugeriu aos telespectadores: "relaxem". Marta fez careta.
O que acirrou os ânimos de apoiadores de Kassab e Marta foi a propaganda levada ao ar ontem pela campanha da petista, na qual a biografia do prefeito é questionada, inclusive no aspecto pessoal.
Questionado sobre o assunto, o coordenador da campanha de Marta, o deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP), afirmou que as questões eram gerais e foram feitas a fim de o eleitor tentar conhecer melhor o candidato. Ele, porém, ressaltou que a vida pessoal da ex-prefeita foi intensamente explorada na imprensa durante sua gestão (2001-2004).
Foi nesse período que Marta separou-se do senador Eduardo Suplicy (PT-SP) e casou-se com Luiz Favre. Cientistas políticos apontam o fato como motivador de parte da rejeição enfrentada pela petista.
Deputados petistas ouvidos pela Folha afirmaram antes do debate que as questões sobre a vida pessoal de Kassab eram apenas "um detalhe". "O importante é conhecer a biografia dos candidatos", disse o deputado Jilmar Tatto (PT-SP).
O senador Suplicy comentou a propaganda da campanha petista. "Da minha experiência de campanha, o importante sempre foi apresentar os aspectos positivos do que você pode fazer", disse o senador.
Responsável pelo marketing da campanha reeleitoral do prefeito, Luiz Gonzalez, criticou a abordagem da adversária. "É desastroso para ela, ela começa a se desgastar", afirmou.
O clima tenso dos bastidores foi amplificado pelas manifestações da platéia durante o debate. A cada intervenção mais ríspida, os apoiadores dos candidatos batiam palmas e eram repreendidos pelo mediador.
A tensão dos bastidores contaminou até mesmo os candidatos. Kassab fazia "não" com a cabeça quando Marta dizia que ele fora o responsável pelo orçamento da gestão Pitta. Já Marta fez careta quando ele afirmou que não "controla fraude", como ela dissera, mas combate. (CATIA SEABRA e CONRADO CORSALETTE)

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