São Paulo, Sábado, 13 de Novembro de 1999
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OUTRO LADO
Bancos e citados negam envolvimento

da Reportagem Local

Os bancos citados pelo traficante colombiano Joaquim Jimenez como tendo funcionários envolvidos no esquema de lavagem de dinheiro do Cartel de Cali afirmam que os bancários citados já deixaram as instituições ou que nunca trabalharam nelas.
A assessoria de imprensa do Unibanco afirmou que Sandro Valladares foi contratado em setembro de 1996 como analista, para trabalhar em Belo Horizonte, e que foi demitido em agosto por corte de pessoal.
Segundo o Unibanco, ""não há registro de nenhuma operação desse tipo (lavagem de dinheiro), mas o banco está disposto a ajudar a CPI a ir às últimas consequências, caso necessário".
A assessoria de imprensa do banco Real informou que Carlos Alberto Futura nunca foi funcionário da instituição.
Segundo a assessoria de imprensa do banco HSBC, Ionara Sacerdote Gnap foi contratada pelo antigo Bamerindus em julho de 1986 para atuar como agente de câmbio de uma de suas agências em Curitiba. Ela foi demitida pelo próprio HSBC em abril de 1999. O motivo da dispensa teria sido a redução do departamento de câmbio.
O HSBC declarou que prestará todas as informações eventualmente solicitadas pela PF.
O banco Bozzano, Simonsen disse que André Coggi nunca trabalhou na instituição.
Coggi, atualmente funcionário do Republic Trade Bank, disse que já trabalhou no Bozzano, Simonsen. Questionado sobre seu envolvimento, disse: "Me liga na terça-feira".
O Republic Trade informou que André Coggi é funcionário do banco há menos de três meses e que acredita não haver fundamento nas denúncias.
O Bradesco informou que Messias Matias Mota trabalhava no setor de câmbio de uma agência em Belém (PA) e que ele foi dispensado quando o setor acabou. Sobre as acusações, a assessoria de imprensa afirma desconhecer o assunto.
A assessoria de imprensa do Safra informou que Dario Fernandes nunca fez parte do quadro de funcionários do banco.
O juiz aposentado Jurandir Inácio Moreira, presidente do Conselho Deliberativo da Estância Thermas Pousada do Rio Quente, disse que a pista de pouso do hotel nunca foi usada por aviões carregados com dinheiro do tráfico.
Ele confirmou que conheceu Jimenez em maio deste ano. Na ocasião, o colombiano teria se apresentado com a identidade falsa do espanhol Antonio Carlos Dumont Paris. O traficante, disse, tentou contratar o seu escritório de advocacia para prestar assessoria jurídica e efetuar a aquisição de imóveis para futura instalação de empreendimentos agropecuários.
Moreira receberia US$ 60 mil em honorários. O negócio acabou não se concretizando pelo fato de o advogado ter descoberto que a empresa representada por Jimenez, a Lakevien Financial Corporation, que teria sede em Miami (EUA), não existia. Depois disso, Jimenez desapareceu.
O advogado Antonio Furtado Leite, também citado, disse ter conhecido Jimenez, mas negou que esteja envolvido com o Cartel de Cali. Leite disse que Jimenez o procurou alegando ter perdido documentos e pedindo serviços advocatícios.
O advogado chegou a pagar as despesas de uma pousada e de refeições ao colombiano, mas não recebeu nada: "Nunca vi deste homem um centavo".
Os demais citados no depoimento, procurados pela Folha, não foram localizados.


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