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CRIME ORGANIZADO
Comissão pediu ainda quebra de sigilos de outras nove pessoas; nomes não foram divulgados
CPI solicita quebra de sigilos de Badan
RICARDO BRANDT
free-lance para a Folha Campinas
RICARDO GALHARDO
enviado especial a Campinas
Com base em informações colhidas
ontem em Campinas (99 km de São
Paulo), a CPI do
Narcotráfico decidiu pedir a quebra dos sigilos
bancário, telefônico e fiscal de
mais dez pessoas. Entre elas, o legista Fortunato Badan Palhares.
Os deputados Pompeo de Mattos (PDT-RS) e Robson Tuma
(PFL-SP), que estiveram ontem
em Campinas, não citaram nomes, mas disseram que os alvos
são empresários e policiais da cidade.
O objetivo da CPI é investigar o
envolvimento de policiais de
Campinas com o roubo de 340 kg
de cocaína do IML (Instituto Médico Legal), em janeiro, e a facilitação da fuga de presos.
Segundo o juiz Paulo Sorci, corregedor da Polícia Judiciária de
Campinas, em 98 cerca de 1.000,
de um total de 7.000 presos, fugiram das cadeias e presídios da cidade. Em 99, foram aproximadamente 400 fugas.
"Não dá para pensar em um número tão alto sem o envolvimento
de policiais", afirmou Mattos.
Este ano, pelo menos dois policiais foram presos por suspeita de
facilitação de fugas em Campinas.
Ameaça
Os deputados suspeitam que a
fuga, domingo, do traficante
Cláudio da Silva Santos, integrante da quadrilha flagrada com os
340 kg de cocaína e que usava o
nome falso de Bruno Henrique
Góes, faça parte de um acordo
com os chefes do crime organizado. "Ele pode ter ameaçado entregar todo mundo se não o tirassem
da cadeia", disse Mattos.
Já a quebra dos sigilos de Badan
Palhares tem caráter político. Tuma anunciou a medida depois
que foram levantadas suspeitas de
que estaria tentando desviar o rumo das investigações para proteger o legista.
Badan Palhares é acusado de
manipular o laudo sobre a morte
de uma suposta vítima do crime
organizado para beneficiar o deputado José Gerardo Abreu (ex-PPB-MA). Palhares foi procurado
pela Folha ontem, mas não foi encontrado.
A suposta vítima é José Antonio
Penha Brito Júnior que, segundo
depoimento de testemunha à CPI,
foi morto em 88, aos 13 anos. Seu
pai, José Antonio Penha Brito, teria se recusado a conceder empréstimo bancário a Gerardo.
Os deputados disseram também ter indícios fortes de que policiais estão envolvidos no roubo
da cocaína do Instituto Médico
Legal. Tuma e Mattos se mostraram surpresos com a falta de segurança no IML, que fica dentro
do complexo que abriga a cúpula
da Polícia Civil em Campinas.
As decisões foram tomadas depois dos encontros entre Tuma e
Mattos com integrantes do Ministério Público Estadual, Ministério
Público Federal, Judiciário, Polícia Militar e IML em Campinas.
À noite, eles se reuniriam com
as cúpulas das polícias Civil e Federal para acertar um esquema de
proteção para a família do assaltante Gilmar Leite Siqueira, que se
diz ex-integrante da quadrilha do
empresário William Sozza e está
preso em Araraquara.
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