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Caso que teve laudo
do legista é reaberto
IRINEU MACHADO
da Agência Folha, em São Luís
A Polícia Civil do Maranhão
reabriu o caso do adolescente José
Antônio Penha Brito Júnior, desaparecido em São Luís em junho
de 1988. Um laudo do legista Fortunato Badan Palhares concluiu
que um corpo identificado pelo
IML (Instituto Médico Legal) de
São Luís como sendo o de Brito
Júnior não era dele. Badan será
questionado na CPI do Narcotráfico sobre o laudo.
A medida foi determinada pelo
gerente da Segurança do Estado,
Raimundo Cutrim, por causa de
falhas nas investigações da polícia
na época. Cutrim disse que é favorável à realização de novos exames na ossada, que até hoje está
na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). "O caso até
hoje não ficou bem esclarecido e
isso ocorreu porque não foi bem
investigado. Se estão colocando
dúvidas sobre ele, a única maneira de eliminar as dúvidas é com
outro laudo, feito também por especialistas", disse Cutrim.
O desaparecimento de Brito Júnior chegou à CPI do Narcotráfico depois de denúncias vinculando o episódio a uma possível vingança envolvendo o deputado estadual José Gerardo de Abreu
(PPB-MA), que está sendo investigado por envolvimento com o
crime organizado. Abreu nega e
se diz vítima de "perseguição".
Abreu teve um financiamento
negado pelo pai de Brito Júnior,
em 1988, que era chefe da carteira
de créditos da agência central do
Banco do Brasil em São Luís.
Um corpo encontrado cinco
dias depois do desaparecimento
de Brito Júnior, que então tinha 13
anos, chegou a ser reconhecido
pelo pai e pelo dentista da família,
Patrício Câmara Filho. "Quando
vimos o corpo, tive certeza de que
era ele, pelos detalhes do que restou da mão e do pé", disse Brito.
"Eu acompanhei sua dentição
desde os primeiros anos de vida.
Participei dos exames no IML e
nenhum dos legistas contestou as
informações que me levaram a
concluir que aquele era Brito Júnior", disse Câmara.
"Fiz o reconhecimento visual.
Havia até um produto meio avermelhado que eu usei para fazer
um selamento (para evitar o surgimento de cáries) nos molares
dele. Esse produto ainda estava
nos dentes", disse o dentista, que
é pós-graduado em odontologia
legal pela USP. O laudo do IML cita o material identificado pelo
dentista e conclui que "a identificação do cadáver é possível através de estudos odontológicos".
Mas o laudo registrou a causa
da morte como "indeterminada".
Inconformado, Brito pediu ao BB
que solicitasse um novo exame.
O legista Nelson Massini esteve
em São Luís para fazer levantamentos preliminares sobre o caso
e depois enviou a equipe de Badan para realizar os exames.
O corpo foi exumado em 29 de
julho de 1988. O relatório preliminar sobre o exame necroscópico
do corpo, assinado por Badan e
pelo legista José Eduardo Bueno
Zappa, datado de 5 de agosto de
1988, concluiu que ele havia sido
vítima de "ferimentos por instrumentos perfurocortantes na região do tórax que atingiram órgãos vitais". O corpo foi levado
para Campinas para exames
complementares.
Para concluir que o corpo não
era de Brito Júnior, o laudo apontou três aspectos "discordantes":
o tipo sanguíneo, os cabelos e a
superposição de imagens (exame
feito para comparar fotos da vítima com o crânio do cadáver).
"Mesmo depois do exame de
DNA (feito em 1997), até hoje tenho dúvidas se aquele era ou não
o meu filho. Mas, hoje, eu só acreditaria num novo laudo se ele fosse feito nos Estados Unidos. No
Brasil, tudo acaba envolvendo
muita política", disse Brito.
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